sábado, 31 de maio de 2008

Moche ao extremo

Numa altura em que as conversas circulam à volta de tarifários de telemóvel, ou à volta um concerto possível de um talento enorme que deu pena ao ver arrastar-se pelo palco mundial, ou ainda de um Europeu de futebol onde as expectativas são baixas, mas que toda a gente pede a final, eu não tenho nada para dizer. Ou será que tenho e não sei que tenho? O mais que tenho feito é fazer perguntas, e não deixar que me respondam. Medo da resposta? Não vou responder obviamente...


Há dias decidi abandonar da playlist de músicas favoritas que tenho no meu iPod, e passar a ouvir tudo baralhado. Tenho tido algumas agradáveis surpresas. Não raras vezes tenho tirado os olhos da estrada para saber qual é a música que está a rodar. Uma dessas surpresas é este Saving My Face de KT Tunstall. Depois do primeiro álbum, cujas críticas arrasaram mas eu gostei, KT lançou Drastic Fantastic, que não tinha ido para além da categoria de "disco para ouvir enquanto tento trabalhar". Está gira a música.



Fim de Crónica

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Engraçado

Vou mudar de actividade. Estou naquele momento em que me parece ideal fazer uma pausa, mas subir dois andares para continuar com a mesma companhia, não vale a pena, e por isso venho partilhar alguns pensamentos, opiniões, ou talvez, bardas.

Estou com a sensação que deixei fugir a inspiração, que ela se escapou pelo meio dos dedos. Distante de grande eventos, que mexem comigo por dentro, a rotina voltou, e não há como fugir a ela. Mais que isso, qualquer tentativa de fuga da rotina é violentamente reprimida por um circuito interno, que muitas vezes se torna difícil de perceber. Ora prende, ora liberta. Deixar o coração comandar o circuito é ir longe demais. Volta para o teu lugar!!


Eu volto, sem problema. 
Gosto sempre de opinar sobre o festival da Eurovisão. Sem o fascínio de outrora, vejo e acompanho este certame quando posso. O epicentro desta convenção musical europeia tem se mexido cada vez mais para leste. As músicas são cada vez piores. As grandes músicas ligeiras da Europa vão desaparecendo. O tele-voto acaba por contaminar toda a votação, dando aso a que os países com maiores fronteiras, ou com maior número de emigrantes se destaquem dos restantes, simplesmente por esse facto. Portugal esteve na final, há uns anos que não estava, e se calhar não volta tão cedo. A totalidade dos seus votos foram conseguidos a oeste, com os países mais próximos a contribuírem mais. Portugal é o país que há mais anos participa no festival, e ainda não obteve uma vitória. E dificilmente irá obtê-la enquanto forem os votos do público a decidir. Por muito que esta me pareça a forma mais justa de decisão, está claramente viciada, e carece da mais elementar justiça para os compositores e participantes. 
Gosto particularmente das votações, de adivinhar onde vamos buscar pontos, a quem são atribuídos os pontos. Mesmo quem tivesse um gosto musical duvidoso, mas conhecesse a divisões desta nova Europa de Leste partida em mil bocadinhos, facilmente adivinharia o destino dos pontos. Fico com pena de não ter ouvido: "Portugal twelve points, le Portugal douze points".

Se tivesse votado o meu voto teria ido para a canção francesa, do compostior Sebastien Tellier, com o tema Divine. Quase integralmente cantado em inglês. O que se passa com estes franceses?


Mesmo assim ficaram atrás de Portugal. Se o compositor tivesse guardado esta canção no baú e cantasse agora...



o resultado podia ter sido outro.

Fim de Crónica

Fim de Crónica

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Tiros e explosões

Não tenho nada de concreto para partilhar, mas desde ontem ao fim da tarde que ando com esta música na cabeça. Postcards from Italy de Beirut, é o nome dela. Acho que é uma música de pessoas felizes com lágrimas, com um misto de melancolia e alegria, ideal nas montanhas russas que andam por aí. É como a sensação de aperto no estômago, de quem vai entrar naquelas descidas a pique em que só os carris me seguram... às vezes nem deviam segurar. Se a Space Moutain me deixasse ir até à lua...



Fim de Crónica

terça-feira, 20 de maio de 2008

Regresso ao Passado

Enquanto vou ganhando inspiração para outras batalhas, e me mentalizo que estou perto de mais uma meta, vou dissertar mais um pouco. Inclusivamente já a tenho à vista, mas estupidamente prefiro ignorá-la, olhando para os adeptos que estão nas bermas da estrada a aplaudir-me com bandeiras de Portugal desfraldadas.


Estou com saudades. Saudades do tempo em que vivia emoções fortes do banco. Em que aplaudia, em que dava o meu lugar no banco para um desconto de tempo. Em que entrava em campo por poucos minutos, e o resto do mundo deixava de existir, tal a vontade que tinha de deixar tudo em campo. Não vejo o dia em que a chuva pare, e que eu calce as botas e salte para o meio do arvoredo, onde se coroam os reis do jogo de rua. Decidi pegar na bola, e no estreito espaço que tenho no quintal, tirar a ferrugem do pulso. Começa a doer ao fim de meia dúzia de tiros. Sem barreiras, nem pressão, só para me divertir, e sentir que ainda sei fazer alguma coisa.

Ver uma corrente de solidariedade é comovente. A maneira como as pessoas se unem por alguém que não conhecem. A maneira como os seres humanos reagem em catástrofes. É difícil ver à distância duas grandes catástrofes naturais bem frescas na nossa memória. Mas foi fácil sentir a corrente contra um drama bem mais próximo.

A música de hoje fala do falso império. Retirada do último dos National, Boxer, um dos melhores de 2007, Fake Empire é uma das músicas mais convincentes de um álbum que aos poucos convece-me de tal maneira, que estou a alimentar esperanças de uma ida ao Oeiras Alive, para ver isto de perto.


Fim de Crónica

sexta-feira, 16 de maio de 2008

E porque não?

Normalmente opino, e depois dou a minha sugestão musical. Hoje vou começar pelo fim. Acordei hoje ao som da música "Quedate a domir" dos M-Clan. Acordar ao som de uma música que me diz para ficar a dormir, não daria bom resultado. Mas o certo é que esta música é um belo despertador. Alguns conhecem o meu meio-fascínio pela música espanhola. Já foi total, mas agora é só meio. No meio de tanta coisa má que eles têm, ao fim destes anos todos consegui colocar um filtro em que apenas passem as coisas que realmente valem a pena. Diria que se fosse compositor, gostaria que as músicas fossem algo de parecido com isto.



Não me ocorre descrever exaustivamente a semana. Ando distante e a fazer várias descobertas. Primeira descoberta: apesar do cansaço, na primeira noite a seguir ao fim de festa, acordei várias vezes, como se tivesse a dormir uma sesta. Normalmente acordo muitas vezes quando durmo de tarde. Os períodos de sono são sempre mais curtos. O meu corpo terá pensado que ia dormir a sesta.

Ontem achei que o tempo passava demasiado rápido. Agora acho que ele passa demasiado devagar.

Telefonei para a Telepizza a encomendar um dia de Verão. Eles disseram que só tinham a partir de dia 21 de Junho.

Os meus telemóveis confessaram-me estarem a sentir-se estranhos. Depois de uma semana, em que recebiam mensagens constantemente, e que quase respondiam automaticamente à pergunta "Onde estás?", queixaram-se do silêncio. Já lhes dei de comer, mas eles não estão muito melhor.

Fim de Crónica

domingo, 11 de maio de 2008

Dia 8: James, Fim, Kiss & No Cry - 5h30

E pronto chegou ao fim aquela que considero a minha Queima de bónus. Com um dos melhores concertos de que tenho memória no recinto da Queima, com amigos, sem choro e sem mágoa, ainda sem vislumbrar qualquer vestígio de luz diurna chegou ao fim. Não sei onde vou estar para o ano. Há um ano também não o sabia. Sei que enquanto não for ainda mais crescido não vou conseguir ficar indiferente. Não volta a ser o que era, mas mexe com anos marcantes da minha vida. E isso já não consigo mudar.


Primeiras horas da noite, enquanto vão aparecendo zombies em casa, trocam-se contactos, tentam-se jantares, mas as combinações vão caindo por terra, e até que fica uma e uma só. Preciso de um abanão, que me desperte para o último rebuçado da semana. Local e hora combinada, não vejo rostos conhecidos. Volta ao quarteirão, saio de onde estou para voltar daqui a pouco. Os minutos vão passando, e depois de beber o despertador decido ir beber um copo com os antigos vizinhos da frente. Antes, alguém requisita os meus serviços de taxista. Taxista tem que falar, e fala sobre música, concertos e naturalmente futebol. Na portagem à hora marcada, lá está o copo curto demais, mas valioso com os antigos vizinhos. Conversa em dia, inevitavelmente sobre trabalho e futuro. O normal, com a idade as coisas mudam. Daqui a uns anos falaremos de electrodomésticos, divisões de casa, roupas e carrinhos de bébé. Há alguma pressa em ir para o parque, não vão os James pregar uma partida e começar mais cedo. Com ingleses nunca se sabe. 
Caem as luzes sobre o primeiro concerto da noite, e enquanto se prepara o palco, os céus iluminação de fogo. O meu primeiro visto do parque, de um ângulo ideal. Fascinam-me estes espectáculos, ponho-me a pensar o tipo de reacções químicas que provocam os efeitos visuais e sonoros que vêm dos céus.
Quando me virei para o palco, já estava tudo pronto. As luzes baixam e sobem ao palco os James. Tim Booth vem de moletas, ao que parece entusiasmou-se num concerto em Madrid. A sua mobilidade da cintura para cima não é afectada. Tudo o que desse para levar para casa uma recordação do concerto estava nesta altura no ar, dando uma imagem engraçada de um concerto de hoje em dia. A geração "Dá cá o telemóbel" não facilita, seja com o telemóvel ou com a máquina digital. Amanhã haverá resumos do concerto no YouTube certamente. O meu pouco conhecimento da vida e obra dos James, faz-me experimentar as músicas pela primeira vez. Ao vivo soa (quase) sempre incrivelmente melhor, mas fiquei tentado. A consistência dos sons que saíam das colunas agradava-me. Entre sucessos e músicas novas, em pouco mais de 80 minutos de concerto, os James deram um grande concerto, dos melhores que vi naquele recinto. No fim durante alguns minutos o público ficou sózinho a cantar o "Sometimes" enquanto a banda em palco contemplava. Demorou a conquistar os mais cepticistas, mas no fim do concerto fica a sensação que os James podiam mesmo ter continuado mais uma hora em palco, com total acordo de todos os presentes. Foi também o maior concerto da Queima em termos de assistência.
A multidão tinha dispersado, e era mais fácil marcar encontros. Junto ao palco conferencia-se o que se segue. Se ficávamos à Mesa, ou se íamos para as barracas. Benefício da dúvida, e ficamos à Mesa. Disco novo na manga, foi mais um concerto com nota positiva, porque não esperava rigorosamente nada da actuação dos Mesa. O segundo disco tinha sido uma desilusão para mim. Acredito que da pequena multidão que estava a ver o concerto, muitos estivessem de olho na vocalista da banda. Impossível ficar indiferente. Tiveram pelo menos o mérito de me despertar interesse pelo o novo disco que concerteza vou ouvir.
Altura para ir à zona de restauração, deste centro comercial onde muito se vende. Primeiro localizam-se Jacarés. Não foi difícil, a indumentária listada, claramente distinguível dos restantes foliões, tornou o trabalho simplificado. Motivo: a subida de divisão. Regresso à zona de restauração. Começa a retirada em massa do parque. Decido ficar mais um pouco. Ainda há jacarés por aí. Ao fim de alguns minutos são encontrados, mas rapidamente desaprecem, em busca do líquido precioso, chuva dourada com bolhinhas e espuma. A monotonia das barracas cansa-me tão depressa que decido pôr um ponto final, neste bónus, que veio dentro de um kinder surpresa, do qual não for preciso comer o chocolate.

Tirei algumas conclsusões, ideias e questões durante a Queima. A primeira: sou um tipo comum, facilmente confundido com outros, nomeadamente jogadores de rugby. A segunda: o novo formato da Queima é muito melhor para quem trabalha do que para os estudantes, não sei em que lado da barricada me vou colocar. Como não há aulas durante a Queima, não percebo o porquê de tanta alteração. Terceiro: as barracas dão-me pelos cabelos. São monótonas, cheira mal, estão cheias de míudos, estão cheias de bêbados e não trazem nenhuma novidade. Quando comecei nestas andanaças, passava lá a vi. Será isto velhice, alteração de gostos ou crescimento? Quinto: quando é que o número de noites do parque pára de crescer? Mais qualidade e menos dias, por que não? Sexto: quanto é que vou ver no parque uma banda internacional de que realmente gosto? Sétimo e último: não quero ser lamechas, fica-me mal, mas a verdade é que, apesar de ter levado a música demasiado a sério, a Queima foi festejar as amizades, as famílias e as pessoas que tornam o meu dia-a-dia diferente. Por isso o meu agradecimento a leitores e não leitores, aos que gostam e aos que não gostam, aos que me aturam e aos que não me aturam. E a mais alguém...

Fim de Queima

sábado, 10 de maio de 2008

Dia 7: Apenas e somente parque: 5h15

Escrevo directamente da minha cama, com tudo fresco na memória mas sem frescura suficiente para vos contar. Vou deixar os ingrediente marinarem mais um pouco para então partilhar as fotografias que fui tirando. Foi um espaço propício a fotografias mentais, dado a escolha que fiz. A música em vez de os amigos. Regredi. Esta não é a minha postura de Queima. Mas hoje deu-me para isto. O facto de ter ido com uma família adoptada também não ajudou. Isto apesar de na família adoptada haver membros de família próxima. A solidão não é tão grande quando olho para a volta e todos estão incrivelmente sós. Fiz a escolha errada?


Trocas de mensagens fazem sair de casa. Junto-me aos foliões de ocasião, depois de preparar o carro para ir para casa, e vamos até à portagem, local de culto em noite de Queima. Concerto de superior interesse faz antecipar a hora de entrada no parque. Ainda na portagem nova paragem para dois dedos de conversa com companheiros de outras noites, também essas memoráveis e relatadas noutros escritos. Apressando o passo, e desencontrado dos que me faziam companhia, consigo chegar primeiro. Tiago Bettencourt já actua. Cenário surpreende para apresentação de um disco novo a solo. Fui surpreendido, e ainda bem. Não tinha ouvido boas informações deste disco, mas fiquei com muita vontade de o ouvir na íntegra. O segundo single "O Jogo", é uma canção poderosa e arrebatadora. Um concerto que começou bem, desceu a meio, e cresceu no final. A pedir outro palco que não um a céu aberto, nota bastante positiva. 
Findo o concerto, tapar buraco de estômago foi a primeira prioridade. Largada a carga em excesso, e de combustível na mão, cruzo-me com o leitor do ano deste blog. Conversa-se sobre concertos, Queima... Juntam-se mais uns quantos à conversa. Groove Armada, ou uma amostra disso, já estão em palco. Um DJ set era o que estava previsto, e foi isso que aconteceu. A batida constante, referida na gíria como pastilhada, foi marcante durante toda a actuação. Movimento de cabeças constante. Alguém parece caminhar sobre a multidão e dançar efusivamente ao som da batida. Poucos temas dos Groove Armada, que quando foram tocados fizeram furor na mega pista de dança que era o palco principal. Sózinho no meio da multidão, não me senti mais só do que outros, porque de facto estava exactamente a fazer o mesmo que eles. Fiquei sempre à espera que o concerto melhorasse, mas isso nunca aconteceu. Terminou de forma abrupta e inesperada, quando havia ainda muito mais energia para libertar. 
Novos contactos à procura da família perdida, e com um convite para o concerto do Grupo de Cordas. Uma descoberta do ano passado que estava com vontade de rever. O convite foi convincente. Formação renovada, causa certa desconfiança. E de facto, a energia que saía do palco, comparado com o ano passado, era muito menos perceptível. Ao fim de meia dúzia de temas, já se anunciava o fim do concerto, e o regresso dos velhos. Óptimo. Percursão e outras energias vindas do badolim e do cavaquinho, fazem recordar os concertos do ano passado que me cativaram. Acabei o concerto novamente sózinho.
Novo contacto em busca de gente na multidão perdida. Contacto com sucesso, mas localização pouco clara, no meio de uma multidão de gente, que mal tinha espaço para se mexer para os lados. Cansaço acumulado, e decisão de partir. O carro esse já estava pronto. 
Tinha mesmo de ser assim?

Fim de Crónica

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Dia 6: Jantar JSC e Chá Daçante - 5h37

Chegar a casa acompanhado e com gente para conversar e fazer a pergunta: "De onde vieste?", é facto em noite de queima. Vindos de sítios diferentes apenas os desencontros nos horários me deram esta possibilidade. O Chá não foi o mesmo do ano anterior. Em termos de espectáculo de entretenimento ficou a milhas de outros a que fui assistindo. Valeu por ter separados por alguns metros as minhas duas famílias adoptivas (e afectivas). Jacarés e CUMNistas separados por metros. Saltar entre famílias, pedir a membros de ambas as famílias para ir tirando fotos comigo e todos outros elementos da família que não estava a ser fotografada.


Está a tornar-se uma rotina salutar e muito apreciada por mim o jantares Jacaré Social Club (JSC). Entre as casas dos membros deste restrito clube, a organização é a cargo de todos. Desta vez o Pita acolheu-nos no seu lar. Não somos um grupo fechado, e por isso a mesa estava partilhada com um outro grupo, que não revelou ter um nome de baptismo. Leitão é uma iguaria que bastante aprecio, regado com um bom vinho, com boa companhia à mesa, num local com uma vista fantástica sobre a cidade e o rio, não podia pedir mais. Havia um quarto de século para festejar, e ver uma companhia que apesar dos milhares de quilómetros de distância, continua a ser um jacaré de corpo e alma. A tecnologia permite que o jacaré americano, se coloque à mesa do jantar, beba das nossas garrafas, tire fotografias com os outros jacarés presentes. O ambiente de jacarés, ao contrário do que se possa supor é muito agradável, conversa puxa conversa, há vultos de piadas de nível superior entre nós que nunca deixam morrer o ambiente à mesa. De estômago cheio, procura-se votar uma solução para a próxima paragem. Já tinha formatado a minha cabeça que iria para o chá dançante. Por cansaço, ou simplesmente porque não era esse o seu desejo, outros jacarés decidiram rumar a outras paragens. 

Facilitada a chegada ao chá daçante por ser transportado por um veículo da organização, deparo-me com um enormidade de gente às portas para comprar bilhete, para entrar, a tentar entrar por onde se compra bilhete. O bilhete para-me nas mãos, e de repente, a porta do cavalo abre-se, e a multidão entra. Há um jacaré que não cumpre a etiqueta. É recambiado para casa, para mudar a indumentária. Dentro da tenda, Herman José canta os seus poucos mas divertidos sucessos. Anuncia a sua última música. E não enganou. Pensando eu que já tinha chegado mesmo tarde, e que tinha perdido grande coisa, posteriormente fui informado da curta actuação deste artista. Lamentável. 
Do cenário já nada resta. Pouco esferovite novamente, houve uns candeeiros pendurados no tecto, e pouco mais. Pouco material para tanta bengala. O ambiente quente provoca sede, e apesar da confusão arrisco. Mais fácil do que pensei, afinal aprende-se com os erros. O sector das bebidas estava bem melhor. 
A família CUMN começa aos poucos a aperecer. Agora o tempo divide-se, ora quinze minutos nima família, ora quinze minutos noutra. Ora foto de um lado, ora foto do outro. Diferentes os comportamentos das duas famílias, uma mais activa fisicamente, vai-se mexendo com os ritmos da música, outra mais faladora, vai conversando entre si, contando piadas, mandando bocas... E assim foi durante algumas horas. Até a família JSC se retirar para a barraca das bebidas, vá-se lá saber porquê... A Estudantina passa pelo palco. Chegados mais membros família CUMN só arrastado para outra zona, mais próxima do palco onde há dança muita dança. Não resisto. Ainda não havia experimentado nesta queima, já tinha decidido que este ano não dançaria. Mas dificilmente faria pior que isto:



Então lancei-me à pista e deixei-me ir. Não consegui, apesar de tudo, evitar alguns movimentos descoordenados. Foi divertido. A música essa não ajudava. Ora não gostava, ora era alguma coisa que até era dançável e agradável. Mas na globalidade, a desadequação ao estilo musical foi grande, gritante, um exagero.  
No ano transacto, à falta de placas de esferovite, respondeu-se com milhares de bolinhas, projectadas por canhões. Olhava para um lado e para o outro e nada. Nem sinal de esferovite em bolinhas. A espera foi longa e não deu mesmo resultado. Cansado e preocupado porque afinal ainda era sexta-feira, fui-me despedindo, de forma longa e demorada. A família ainda é grande. 
Estar com quem gosto é o melhor da queima, e mesmo que o show não tenha tido a espectacularidade de outros tempos, se pudesse tinha ficado mais, porque o relógio tinha passado rápido.

Fim de Crónica

quinta-feira, 8 de maio de 2008

DIa 5: Boa Noite Senhor, Aeminium e Yves Larock - 4h06

A minha maior preocupação neste momento é decidir a que horas vou trabalhar amanhã. Tenho dois caminhos, ou durmo e aposto na concentração absoluta num curto período de tempo, ou por outro lado levanto-me cedo da cama, e vou podre para o trabalho. Para o meu trabalho preciso mesmo de concentração, por isso a primeira opção, parece-me a mais indicada. Este parágrafo é em sim preocupante. O título não se relaciona com nada disto. Podia ser uma crónica de uma noite fantástica, dado os seus ingredientes. Porquê? Porque sinto que quero e não quero nada disto ao mesmo tempo. 


Tradição de CUMN na Queima haver um momento de oração a meio desta semana de loucura. Levar Deus para a Queima é tarefa complicada e uma forte tentação. Normalmente passa por aqui o objectivo desta oração. Depois de uma oração com muito imaginação e criatividade no ano passado, em que senti que foi difícil rezar e que havia motivos de sobra para me distrair com todos os pormenores que introduzimos na oração, este ano optámos por fazer algo mais simples. A ideia é rezar com situações que acontecem antes na Queima. Um Ora antes do parque era o título e daí se partia. Uma hora antes do parque na portagem, alguém vem ter connosco, mas nós distraídos com mil coisas não o vemos, apesar de ficar a impressão que de facto havia alguém, que não quisemos ver. No caminho para o parque alguém vem ter comigo, mas eu estou cheio de pressa e não lhe dou tempo. Fico a remoer essa situação, mas esse alguém vem ter comigo já dentro do parque e aí eu não o quero deixar fugir. E se fosse Jesus? Quantas vezes isto acontece na relação com Deus? No fim, levar Deus para o parque, na forma de uma cruz com alfinete. Como já começa a ser normal, o after-party também foi animado. Minis, música pimba, cantorias, e por fim arrumar a casa.
Se o objectivo é levar Deus para o parque, tinha de ir mesmo ao parque. Ao largo da Portagem só lhe falta um letreiro gigante a dizer meeting point, e por trás da estátua do mata-frades é o nosso ponto de encontro. Conversa ali e acolá, visitas guiadas aos locais por onde tinha passado a oração. Alguém com bom gosto diz que a música no Aeminium está engraçada. Não se engana. À falta de outros desportos nesta semana, a dança é a forma ideal de queimar calorias. Sucessos de antigamente fazem mexer um corpo até agora muito amorfo e estático em semana de Queima. Há também quem resteje pelo chão, quem faça fila para a casa de banho, e quem esteja atento à televisão que continua acesa.
As obrigações fazem com que o grupo se divida entre os fracos, que vão para casa, e os fortes que continuam até ao parque. Com as preocupações na cabeça, há ainda um abraço por dar. Um quarto de século não é todos os dias. O Yves sózinho em palco, toca os seus hits, e uma multidão de gente mexe-se num curto espaço de terreno, numa mega rave como nunca tinha visto. Não deixa de ser estranho estar um DJ sózinho no palco principal. A música vai saindo como os cromos da caderneta, ora gosto, ora não gosto. Ainda assim, não fosse a cabeça cheia de preocupações teria ficado mais um pedaço. O cansaço venceu.

Fim de Crónica

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Dia 4: Garagem e Clã - 4h03

Nem sei o que dizer. Não tenho grande coisa para relatar. Ir à queima como espectador de concertos é estranho. Ir à queima sem beber cerveja é estranho. Sentir que se não houvesse um jacaré desencaminhador que me forneceu carimbos de passaporte para todos estas noites, não teria saído de casa. Sentir que o concerto não execedeu as espectativas, estranho. Nada disto é normal. 

Curioso para ver o Clã ao vivo, procurei companhia durante o dia para que ver um concerto não fosse uma experiência de solidão colectiva. Acertada companhia, surge então um convite para digestivo numa mítica garagem. Convencido de que a garagem estaria super povoada, e de ambiente cheio, levei-me para lá de carro. Afinal eram poucos mas bons. Conversas à volta de música, workshops de música, tudo à volta de música. Falta de líquidos obriga a deslocação onde se fica a conhecer um belo circo.
Aproxima-se a hora do concerto e sigo até ao recinto. Mind da Gap no palco manifestam-se contra os movimentos pré-determinados dos seus espectadores. Hip-hop, please stop. Ao vivo é ainda mais estranho. Apesar do meu tom de pele a tender para o escurinho os ritmos da música chamada negra não me dizem mesmo nada. Aproveito para tapar buracos na zona de restauração, e saudar o regresso das pizzas zodíaco.
O lado esquerdo do ecrã contínua a ser a zona de concertos. Clã em palco. Manuela Azevedo é a cara, e tudo o que se possa imaginar na banda. Qualidade vocal impressionante. Não era grande a espectativa para este concerto. Não me conseguiu surpreender na maior parte do tempo. Tirando uma versão acústica do Sopro do Coração, a única surpresa que não me agradou por aí além, foi uma cover da Britney Spears. Apesar de muito melhor que o original, não me cativou de todo. A sensação que me ficava ao longo do concerto é que os Clã são muito bons a criar músicas pop, mas gostam mesmo é de rock. O pop é só para assegurar a sua "sobrivivência". É a minha opinião, e vale o que vale. Não é uma das minhas bandas de eleição, e não passou a ser durante este concerto. Outra sensação que tive foi a de estarmos perante uma banda com sucessos antigos, e que está a ter dificuldade em fazer passar o novo disco. A vibração do público às músicas antigas é muito maior. De 0 a 10 dava um 7 a este concerto dos Clã.

Este post é de um estudante cadáver, cujo candáver círcula pelas noites do parque, mas que jamais voltará a ser estudante. Para quem estiver interessado fica aqui o preço do meu cadáver no dia de hoje.


$4225.00The Cadaver Calculator - Find out how much your body is worth.

Em euros fica por 2.873,37€.

Fim de Crónica



terça-feira, 6 de maio de 2008

Dia 3: Vale dos Lençóis 00h18

A única música que ouço neste momento sai das colunas do meu iPod. As minhas pernas estão cobertas de mantas e lençóis. Vou ficar em casa. Ainda que me sinta pouco trabalhador, e ainda demasiado estudante, hoje notei que não posso continuar a ser estudante para sempre, e trabalhar depois de um fim de semana mal dormir pode ser uma experiência sofrível. A velocidade de processamento cerebral é substancialmente reduzida. Abdico dos concertos de hoje pelo pouco interesse que me suscitaram. A minha vida de pessoa responsável, faz-me re-orientar o meu interesse para visitar o parque. 


Para abrir o apetite para amanhã, fica o Problema de Expressão dos Clã. Agora que penso no que é isto de deixar todos irem para farra, e eu ficar aqui envolvido nos lençóis, os sentimentos que isto provoca. A música traduz alguns estados de espírito.



O vídeo não é o original, mas é o que se pode arranjar.

Fim de Crónica

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Dia 2: Cortejo - 3h33

Cortejo ao domingo não parecia boa ideia, mas sinceramente gostei. Às vezes sou mesmo averso à mudança, mas ela tem os seus lados positivos. Negativos também os terá certamente, mas para já os aspectos positivos, sobressaem claramente. Continuo sem me sentir estudante, mas estou feliz e contente. Afinal ainda tenho um pouco da academia dentro de mim.


Habituado à pontualidade estudantil, e com receio das massas que neste dia visitavam Coimbra, saí depois de uma hora de sofá, a pé, solitariamente. O conforto de sair de casa sózinho, sabendo que há sempre alguém que me fará companhia, é das melhoras coisas. Quero-me dirigir aos carros parados, porque em movimento o stress é maior, e geralmente saio pior servido. Chegado ao primeiro ponto de curzamento com o cortejo, vejo que o ritmo está elevado. Não o das cerveja que se vão esvaziando (esse também), mas principalmento os carros. Seguem em ritmo veloz, para as condições de circulação proporcionadas. A multidão do costume. Sorte a minha que os carros, com barmen's conhecido não circulam na frente do pelotão. Ver a cara de felicidade de alguém que vai distribuindo o que poupou pela cidade, é ao mesmo tempo bonito e nostálgico. Olhar para aquele lugar, tão distante, mas ao mesmo tempo tão próximo. As poucas horas de alegria em que tudo se partilha com conhecidos e desconhecidos, são das minhas melhores horas de queima como estudante. Ver amigos nesse lugar, faz-me ficar contente, por eles, porque percebo e partilho do que estão a sentir. Por isso queria mesmo dizer-lhes, pessoalmente, que estou contente por eles. 
Primeiras companhias logo nesse ponto de cruzamento, Sigo escada a cima, velozmente com receio que a ordem de partida já tivesse sido dada aos mais madrugadores. Foi por pouco. Ainda há tempo para beber a primeira cerveja bem fresca. Alguns veículos depois, mais um abastecimento líquido. O cortejo não pára. Perde-se por momentos a companhia. Mais tarde ela volta, e prova que é possível Queima sem telemóvel. É apenas uma questão de encontros e desencontros. Paragem seguinte, apenas reabastecimento sólido. Carro pouco apetrechado a nível de logística para resíduos líquidos. Alguma falta de jeito também. Não era engenharia, de certeza...
A primeiras cartolas vão descendo pelas cabeças abaixo. Cumprimentos, abraços, desejos de boa sorte. Avança-se mais uns metros, mais uma paragem, mais uma lata, mais um cumprimento. Meia dúzia de metros mais à frente, nova paragem, nova cerveja, esta bem mais fresca. Procuro refrescar as cervejas que vão aquecendo. Sem grande sucesso. Em vez disso recebo mais cerveja fresca. Última paragem. O 61, muito publicitado, e bem abastecido. Paragem longa, enquanto se come, bebe. Parece que é com este que vou descer. Bem mais cedo do que é normal, os motores aquecem e os últimos carros já estão em movimento. O carro tem ritmo lento. Circulo por entre carros à procura de uma bengalada. Já há abastecimento com para mais umas horas de cortejo. Sai da multidão uma bengalada, beijinhos e cumprimentos emocionados. Regresso ao carro, ao menos ali sei que estou garantido, não passo sede nem fome. Mais uma cartola para empurrar para baixo, e um desvio para novo reabastecimento líquido, com promessas de imensa frescura, que não foram em nada defraudadas. Há que retomar o cortejo, porque este outro cortejo fresco, ainda está em lista de espera para sair. 
E durante alguns minutos (assim me pareceu), andei só (ou talvez não), por entre carros, e pessoas. Lá ia parando em certos apeadeiros. Dois dedos de conversa, bengalada para um lado bengalada para outro. O ritmo é forte. A família recebe mais uma representação no cortejo, ainda que atrasada, mas valiosa, por eu não duro para sempre. Os olhos vão ganhando brilho e o sorriso vai saindo mais facilmente. A sede não perdoa, e de vez em quando há devios em busca de esquinas. Reencontros, paragens, e um regresso ao carro de apoio, em busca de abastecimento. Preços infalccionados não me impedem de procurar outros meios de reposição de energia. Partilho a minha aquisação com quem vou encontrando. Mais desvios. A alteração do formato em que a bebida rainha do cortejo era distribuída estava a ter os seus efeitos. A tradicional mini de 20 cl, foi, em nome da segurança, substituída pela lata de 33 cl. Ao fim de 3 latas era como se tivessem sido bebidas 5 minis.
Largo da portagem, começa o ajuntamento de procura de sítio de repasto. As palavras saem arrastadas e com mais facilidade, os filtros aos poucos vão caindo. Há que pôr um travão. Finalmente, ao terceiro dia de queima, há um jacaré na portagem. Convite de jacaré para jantar é quase irrecusável. Mas havia um compromisso. Primeiro renega-se o compromisso, mas há tempo para voltar com a palavra atrás, e reassumir o compromisso. Sem restaurante, o estigma do centro comercial volta a pairar nos ares. Não, outra vez não por favor. Com a mestria de outras épocas e depois de percorrer os labirintos da baixa em busca de um restaurante fechado, lá aparece um sítio simpático, que começa a ser um clássico em dia de cortejo. Acho que preciso de comer, e a fome não se esgota. A sede também não. A comida foi demais, mas o preço ainda não pesou muito na carteira. Regresso à portagem. Conversa-se ao telemóvel com a máquina fotográfica. Mais uma cerveja num formato mais próximo do tradicional, mas com efeitos que se viriam a revelar nefastos, dada a frescura deste líquido. Sentados na calçada, aparentemente limpa, ao que os meus olhos conseguiam ver, lançava autênticas postas de pescada, que, embora ditas conscientemente, dificilmente saíram noutro contexto. "Vamos para o Parque?", é domingo meus senhores. A minha época de capa e batina já terminou. Mas não resisto aos apelos, de quem me faz querer continuar a viver a queima. O Zé estava a apertar com ela, ajoelhado a rezar, mas rapidamente se retirou. Deu lugar a um batalhão de gente no palco. Banda tradicional das festas de aldeia. Porquê ter músicas próprias se a tocar as dos outros conseguimos ter muito mais sucesso? E de facto, todos os estilos musicais passaram pelo palco. Destaco particulamenter a voz de locutor de rádio local que o "líder" da banda tinha. Era fantástico, se fechasse os olhos era como se tivesse no meu quarto a ouvir a rádio maiorca. O meu pouco bom senso disse-me: "Se calhar é melhor ir dormir, que amanhã é segunda". Desconfiado segui o seu conselho. 
Chegado à cama, senti-me agradecido. Foi um dia bom. À falta de motivos de festa, encontrei amigos, conhecidos, familiares, e desconhecidos, e a eles festejei. Pensei em mandar uma mensagem lamechas a agradecer a todos os que fizeram este filme, mas não tomei a decisão na altura. Talvez quando acordar a ideias estivessem mais claras, e eu pudesse perceber se faria sentido. Quando acordei não fez, de todo. 
Cortejo ao domingo, por favor, sim, claro, gosto. Assim, será mais fácil cá voltar. 
Cerveja de lata, aprovada. O sabor não muda assim tanto, é menos perigoso, houve de certeza menos cortes, e mais gente para ajudar os mais embriagados. Uma palavra para os quartanistas (acho que ainda se chama assim), que respeitaram escrupulosamente esta nova regra. Valeu a pena o esforço.

Agora começa a baralhação. Hoje ainda é fácil fazer o paralelismo com o ano passado. A partir de amanhã não sei.

Fim de Crónica

domingo, 4 de maio de 2008

Noite 1: Os primeiros concertos 5h04

Apetece-me perguntar porquê? Porquê Rita? Porque deixaste aquele tonto jamaicano aos saltos durante duas horas, a reclamar por marijuana legal?


Segunda noite, primeira de parque. Como me dividir entre dois jantares? Eis a questão. Um compromisso já há muito tempo assumido, com amizades recentemente retomadas. Do outro lado um compromisso de última hora com amigos de há muito. Compromisso é compromisso, e com muito gosto fui ao primeiro, embora sempre com aquele receio de não conhecer ninguém... e então? Oportunidade boa para conhecer pessoas novas. 
Sou o primeiro a chegar, sintoma da minha pouca ocupação nestes dias. Enquanto espero, vou vagueando pela baixa, à procura de moletas. Aproximo-me do restaurante, e deparo-me com um insólito sistema de som, de qualidade muito duvidosa, do qual saem os maiores sucessos pimba. Existe também um órgão, mas para já ninguém parece querer tocá-lo. 
Chegado então o monumental bolo, volta a não haver cadeiras para todos. Desta vez o espaço é mais amplo e não fica perto de nenhum com perigo de ser atingido por dejectos líquidos. Entretanto, um homem com um andar diferente, de bigode farfalhudo, senta-se ao órgão. Proclama umas frases, dificilmente inteligíveis, de voz rouca e arrastada. Findo o discurso, coloca os óculos de sol, tira a mão direita do bolso, carrega no play da sua caixa de ritmos e com o teclado do órgão reduzido a meia dúzia de teclas, reproduz grandes sucessos da música portuguesa. 
O jantar terminado, velinhas apagadas, brindes feitos, e que para o ano estejamos cá novamente, é chegada a hora de voltar para trás e ter com outra família. Subi Coimbra acima, apesar de vir um rio de pessoas em sentido contrário, senti medo, medo de ser atropelado, tal a quantidade de pessoas que circulava pelas ruas de Coimbra em hora tão adiantada. Encontrada a nova família de acolhimento, já esta estava de partida. A música chamava por nós. No entanto, o caminho não foi fácil. Muitas paragens, em vários apeadeiros de pessoas conhecidas. O caminho torna-se penoso e já se ouve o Fonseca ao longe. Este Fonseca é danado, gosta de ir para cama com as ovelhinhas. Apesar de já ter tido o prazer de ver o Dreams In Colour duas vezes ao vivo, em registos diferentes, um concerto do Fonseca é sempre um grande momento musical. Kiss me, oh Kiss me e eu a descer a Couraça de Lisboa. Portagem, parque, confusão. Foi relativamente rápido chegar perto do Fonseca. Ainda cheguei a tempo do encore. Que pena. O encore amostrou o que deve ter sido mais um grande concerto. 
Conheço meio parque, aquele que vai até à zona de restauração. As barracas ficam para outro dia. Enquanto se espera por um desconhecido Antony B. Ele sobe ao palco, e começo-me a movimentar ao som do reggae. Não conhecia este senhor, e o reggae não é o meu estilo favorito, longe disso e antes pelo contrário. Mas o senhor tem garra, e tem piada. O concerto perfumado com muitos oregãos, como o reggae manda. Preferia a Rita Redshoes, que se ficou pelo piano com o Fonseca. Bastante desgastado pelos saltos danças, movimentos reggae, assim que o Tony se calou, o Zézinho abalou.

No ano passado tinha sido assim.

Fim de Crónica

sábado, 3 de maio de 2008

Noite 0/1 (não sei bem, estou baralhado) - 5h33

Estou nesta altura, sentado na minha cama a escrever. Recebi a mais inesperada boleia de sempre até casa. Foi bom, engraçado como posso ser surpreendido. Conclusões imediatas: estou velho, no ano passado aguentei bem mais tempo, foi mais divertido, não me senti um estranho no meio de uma multidão de capa e batina. Estava também bem mais embriagado, mas isso não explica tudo. Já não é a minha festa, já não sei o que estou a festejar. Um jantar de curso que dispersa, com engenheiros espalhados por essa cidade, com estudantes cada um para seu lado. Onde estão os meus (ex-) colegas de curso? Não, já não consigo. Nada será como a primeira noite de Queima como estudante. Não, o tempo não volta para trás. Não tem de voltar, não vai voltar, e não quero que volte. Há coisas que são vividas uma vez na vida. A Queima é uma delas. Cada uma teve um gosto especial, como estudante. Agora deixou de ter.


Tudo começa bem tarde. Procuro arrastar o que tenho a fazer até quase à hora de jantar. Consciencializado da dureza da semana que se avizinha, com novos desafios intelectuais pela frente, arranquei para a semana de folia mais badalada de Coimbra. Chegado ao café da concentração, já é hora de sair para jantar, mais que hora. O que vale é que houve um reforço preventivo antes de deixar o lar. No sítio de picnic, a gerência esperava menos foliões para jantar. Há que improvisar um jantar ao ar livre, com risco de apanhar dejectos humanos em cima, com mais mesas do que estava previsto, e com menos reforço alimentício para cada folião. Jantar que é jantar, não acaba com uma limpeza estomacal, com uma bebida bem espiritual para levar com ela todos os males do corpo. Findo o jantar mantenho-me fiel à minha tradição. Desde o primeiro ano que vou ter com os médicos para me tratarem nesta noite de Serenata. No caminho íngreme até ao recinto festivo passo por estranho sítio, onde estão muito rapazes à janela, cheios de vontade de nos seguir. O meu bom senso, não me deixa trazê-los. Passagem por segunda ou terceira casa, e reabastecimento líquido no incomparável Couraça, são obrigatoriedades em noite de Serenata. Entre avanços e recúos, caras conhecidas, reencontros vai sendo uma espera agradável na Couraça de Lisboa. 
Finalmente de partida para o convívio, ainda um pouco reticente quanto ao ambiente que posso encontrar lá dentro, mas seguro que ia entrar, vão surgindo informações de que vale a pena o investimento. Enquanto se espera pelo bilhete, mais um reencontro com vários quilómetros e meses de interregno. Chegada a hora de entrar, não há novidades. Há gente por todo o lado. É difícil encontrar quem quer que seja no meio de tal multidão. Vagueia-se entre pinguins de capa e batina. E quando sinto que não dá mais é hora de partir. Parto então rumo a casa, últimas combinações para o dia seguinte. Um táxi passa, estendo o braço e ele não pára. Surge então a tal boleia inesperada, que exigiu que o acompanhasse. Soube mesmo bem. 
Já não é a minha Queima.

Fim de Crónica 


sexta-feira, 2 de maio de 2008

SingStar & friends

Olá!! Como estão? Recompostos depois de ler tamanho post? 

Desta vez prometo não ser tão demorado, venho só deixar um conjunto de observações, ou coisas que se podem assemelhar a tal, e como já vem sendo hábito uma bonita sugestão musical.

Observei que ontem é o dia do trabalhador, e ninguém trabalha. É o meu primeiro ano com estatuto de trabalhador e por isso podia celebrar efusivamente este dia. Podia ser como primeira Queima como estudante, mas, a menos que me junte a uma manifestação de sindicatos, não é. Foi uma desilusão. Ao menos abobrei, fui ao shopping, e fiz essas coisas que os trabalhadores fazem no 1º de Maio.

No shopping, o meu lado consumista veio ao de cima. Farto de jogos de futebol monótonos na PS3, e derivado ao facto de as minhas acções de cantor estarem a subir na bolsa, investi no SingStar. E não resisti a experimentá-lo na primeira noite, sózinho, claro, para ninguém ter que levar com o meu experimentalismo. E não é que mesmo sózinho é divertido? Imaginem uma noite com amigos de microfone em punho a ver quem canta melhor. Deve ser... brutal. Apareçam de vez em quando. O único senão, é a pouca quantidade de músicas disponíveis, mas já investiguei, e brevemente serão adicionados novos hits.

Para os leitores mais desatentos, venho lembrar que hoje começa a Queima das Fitas. A minha saída do percurso universitário, deixou grandes marcas, de tal maneira que alteraram o calendário todo, logo no ano em que saí. Os leitores mais fieís, concerteza se recordam da épica semana da Queima de 2007. Pois bem, o cronista está de volta, agora para relatar a Queima vista de fora, mas ainda muito por dentro. Estejam atentos aos próximos episódios. 

Sugestão música desta semana, vai para um cocktail que julgo resultar muito bem. Rock com ritmos cubanos. Buena Vista Social Club (não confundir com o Jacaré Social Club) entra em cena para dar um novo ar, bastante mais dançável a múscias de artistas como Coldplay, Maroon 5 entre outros. Os outros são neste caso os Arctic Monkeys, e o seu Dancing Shoes. Muito adequado.


Fim de Crónica