terça-feira, 30 de setembro de 2008

Projectar

Projectar é lançar para a frente. Já dizia o meu professor de filosofia. Projectar é um dilema, para quê fazê-lo se posso viver melhor em cada momento? Simplesmente preciso de horizontes. Gosto de o ver, de saber que ele está lá ao fundo e acima de tudo que existe um fundo.


Não sendo o espaço de casa onde passo mais tempo acordado, o meu quarto tinha acumulado papéis e tralha durante dois anos, sem que a carrinha da reciclagem passasse e levasse os excessos desnecessários. Ontem lá teve de ser. Apesar da minha utilização do quarto passar a ser diminuta e pouco periódica, não deixa de ser o meu quarto, e como é habitual nas saídas, há que deixar o quarto impecável para o próximo inclino, que vou ser eu na mesma.

Amanhã sigo para a terra onde os homens andam de saia. Uns dias para descansar ou talvez não. 

Como acabas de ler, todo o conteúdo deste post é bastante forçado. Se há vezes em que tenho histórias para partilhar e não tenho banda sonora, hoje tenho banda sonora e não tinha assunto. Paris Is Burning é o single de apresentação da Neo-Zelandesa Ladyhawke, retirado do álbum homónimo (sempre gostei desta expressão tão radiofónica). É mais um dos produtos da pop-electrónica da Oceânia, tão na moda nos dias de hoje. Não que não tenha qualidade, eu que o diga, são todos espectaculares, mas será que não há mais ninguém que saiba fazer boa pop-electrónica sem ter passaporte australiano ou neo-zelandês? Por falar em australianos, existe uma remistura dos grandiosos Cut Copy para este tema que o engrandece ainda mais.



Fim de Crónica.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

5-3=2

Chaves. É sobre chaves que vos quero falar hoje. A maneira como num só dia se perdem chaves, ou melhor se devolvem chaves. 


Comecei um dia com o molhe apreciável de chaves. Duas chaves de casa, duas chaves do CUMN (a fechadura é de alta seguranaça), uma chave do laboratório e a chave do carro. O dia era de limpezas, deixar a casa arrumada, o computador limpo e preparado para que alguém o possa utilizar. Acho que é um nicho de mercado que alguma empresa devia aproveitar. A limpeza de computadores é um negócio de futuro. A secretária também foi limpa. Migalhas de bolacha também há muitas. Papéis, muitos papéis. Uma maratona, um relato pormenorizado de um ano de trabalho e de pôr o computador a trabalhar. Ao fim da tarde, depois de uma maratona, despedida formal, agradecimentos. Saiu pela porta, e volto para trás. Deixo a chave e agora sim. Saio, olho para as paredes, foram 6 anos. Sem grandes momentos para recordar, mas foram 6 anos. Vividos com baixa intensidade, mas sim 6 anos depois vou mudar de sítio.

Máquina nova, mais pequena, mais leve, mais bonita e mais potente. Pouso a máquina, pego na outra e sigo, com 5-1 = 4 chaves.

Mais um regresso, jantar, conversa e no fim mais umas chaves para devolver. Aqui foram 3 anos. Três anos com muitas histórias, algumas delas aqui relatadas, outras que não consigo relatar. É díficil partilhar o que ali se passa, nada como experimentar. A intensidade é palavra de ordem nesta casa. Nunca vai deixar de ser uma casa em Coimbra. Foi mais do que um local de trabalho. Mas como é preciso reciclar as caras e as vontades, a minha chave do CUMN vai ter agora outro dono(a). 

Resultado final 5-3=2.

Oasis, uma das minhas bandas de culto dos anos 90. Estão com um novo álbum à porta, e este Falling Down é um aperitivo interessante, depois de anos duros para a banda de Manchester.
Pena é que não haja vídeo, fica só o áudio.


Fim de Crónica

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Tráfego aéreo

Tempos houve em que queria ser controlador de tráfego aéreo. Tempos houve em que queria pilotar um avião, ao mesmo tempo que uma bela hospedeira me trazia um tabuleiro de saborosa comida de avião. Houve tempo para tudo, desde dentista, a professor de Matemática, o clássico jogador de futebol, que depois do aparecimento de José Mourinho passou a ser treinador de futebol. Desejo esse que era completo com tardes de entretenimento em que levávamos o nosso clube de bairro à vitória na liga dos campeões.


Pelo contrário, amanhã corta-se a meta de uma etapa. Longa por sinal, no contexto actual, e no contexto afectivo em que se encaixou. Dois anos depois vou largar esta cadeira de onde escrevo. Mas calma, por muito que isso seja o que está no meu subconsciente, amanhã é a última etapa. A meta estará todo o dia aberta a quem quiser entrar pelo Centro Cultural de Belém. Depois disso, arrumar a casa, embalar a trouxa e zarpar. Porque tudo tem um tempo, e Coimbra teve o seu. Por ora, resta saborear e absorver o que ainda gosto de Coimbra: a minha casa, o Parque Verde, o CUMN, a alta, os restaurantes da baixa, o tempo, os meus.

Para acompanhar a leitura do post sugiro Shooting Star do Air Traffic, retirado do Fractured Life lançado no ano passado. Foi uma descoberta engraçada esta música, apesar de soar um pouco vulgar, soa mesmo bem e quase que puxa a lágrima.


Fim de Crónica

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Desequilíbrios

Deadlines, ou traduzindo à letra linhas de morte, ainda bem que existem, mas depois passam como furacões deixam rasto, estragam e levam tudo. E tudo é mesmo tudo. Trabalho foi-se. Há só uns suplementos para o computador, que se comporta como peixe num aquário.


Ourto desequilíbrio: cabelos brancos e acne. Quando os meus cabelos brancos parecem querer ir fazendo sucessivamente mais amigos, neste estabelecimento tão popular entre eles que é o Couro Cabeludo, surgem uns picos na cara qual adolescente de 15 anos. Foi chocolate? Talvez.

O barco não vai nada equilibrado. Ora parece que vou bem, ora vem de novo um furacão de grau 2 (fraquinho) para abanar tudo. Não há nada como a época de furacões do Atlântico para trazer à baila este tema. Esta época tem uma curiosidade engraçada, que é o modo de baptismo dos furacões. Eles são baptizados com nomes seguindo a sequência do alfabeto. No meu caso, a época tem sido forte, mas ainda vou com pouquinhos. Primeiro veio o Ana, depois o Beatriz e agora estou no Catarina. O próximo será o Deolinda.

Sugestão musical do dia vai para os Bloc Party. Intimacy intimidou-me com o primeiro single Mercury. Aos poucos, ao fim de algumas audições, vai-se ganhando intimidade com o álbum que para já não desilude. Fica aqui este Talons.


Fim de Crónica

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Ruído saúda-se

Venho acima de tudo saudar este regresso dos Verve que nos anos 90 tiveram um dos álbuns que mais vezes ouvi enquanto jovem sem barba, um tal de Urban Hymns (se não me falha a memória). Aventuras a solo pelo meio do vocalista Richard Ashcroft, regressam com um novo álbum e este é o seu single de abertura, Love is Noise.




Não acredito nele quando diz que o amor é ruído, mas quando diz que é dor, vejo aqui um amor humano. Esse dói. O amor divino é gratuito e desinteressado. Talvez por isso não causa dor. Consiguirá alguém amar assim?

Aproveito ainda para informar que nos mês de Outubro, a redacção deste blog muda-se para outras paragens. A capital vai acolher esta numerosa equipa.

Fim de Crónica

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Donde venho, e para onde vou?

Dias estes, que não sei de onde sou, para onde vou, quem fui e quem serei? 

Abrir uma janela. Limpar o aquário e ver claro para o outro lado.
Aos poucos, a água fica menos turva, e as particulas assentam. 
As coisas mudaram e vão mudando, estou quase a dar a volta. A mudar de espaço.

Curiosamente, mesmo prestes a mudar o espaço físico da minha existência, a música que mais tem rodado no computador e no mp3 é o "In my place" da Ana Free. Estou autenticamente viciado na música. Felizmente, agora não sinto medo, e não sinto que me prendam no meu lugar. 
Fica a versão ao vivo para a Antena 3.


Fim de Crónica.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Dançar!? Nem isso

Por que pareço um parafuso? Rodo e vou sempre dar ao fundo do mesmo buraco. 

Inácio diz que em tempo de desolação, devemo-nos lembrar dos tempos de consolação.  E vice-versa. Mas eu não consigo fazer nem uma coisa nem outra. E mais, às vezes penso, ou pelo menos hoje penso, que é mesmo assim. Há dias de desolação profunda, e há outros de alegria profunda. Tenho a impressão de que se hoje alguém me disse que estava a rastejar pelo solo, eu de certeza que estou pior. Voltamos ao umbigo, e ao buraco não?

Já que não tenho vontade absolutamente nenhuma de dançar, ao menos dança tu ao som deste electrizanto "Tony the beat" dos The Sounds. Recuperado da gaveta do verão passado pelo anúncio da vóbis onde Fernando Alvim faz uma performance coreográfica deveras invejável. Já consegui sorrir!!

Avisam-se os espectadores mais sensíveis que este vídeo, apesar de não ser ofensivo, tem mamas e começa aos 36 segundos.

A música.


O anúncio.

Fim de Crónica

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Finalmente!!

Isto de estar sózinho durante os dias tem que se lhe diga.


Finalmente, ao fim de 5 dias consegui terminar uma melancia. Comer uma melancia sózinho é tarefa para vários dias ao ritmo de quatro talhadas por dia. A melancia era saborosa, quase sem pevides e bem fresca. Mas aquela textura esponjosa já cansava o meu revestimento bocal. Agora que venha um melão para a próxima semana.

Interessante também é o conteúdo da máquina de lavar louça. Ao contrário da imensidão de pratos que normalmente acumula, a máquina de lavar louça está repleta de tachos e tupperwares. Cozinhar para uma pessoa é complicado, e quando estou sózinho, a sequência de refeições é uma progressão ao melhor estilo de testes de memória.

Para dormir descansado, ficam aqui os sonhos eléctricos dos Human League. Esta música é alvo de uma cover de grande qualidade do David Fonseca.


Fim de Crónica