sábado, 10 de maio de 2008

Dia 7: Apenas e somente parque: 5h15

Escrevo directamente da minha cama, com tudo fresco na memória mas sem frescura suficiente para vos contar. Vou deixar os ingrediente marinarem mais um pouco para então partilhar as fotografias que fui tirando. Foi um espaço propício a fotografias mentais, dado a escolha que fiz. A música em vez de os amigos. Regredi. Esta não é a minha postura de Queima. Mas hoje deu-me para isto. O facto de ter ido com uma família adoptada também não ajudou. Isto apesar de na família adoptada haver membros de família próxima. A solidão não é tão grande quando olho para a volta e todos estão incrivelmente sós. Fiz a escolha errada?


Trocas de mensagens fazem sair de casa. Junto-me aos foliões de ocasião, depois de preparar o carro para ir para casa, e vamos até à portagem, local de culto em noite de Queima. Concerto de superior interesse faz antecipar a hora de entrada no parque. Ainda na portagem nova paragem para dois dedos de conversa com companheiros de outras noites, também essas memoráveis e relatadas noutros escritos. Apressando o passo, e desencontrado dos que me faziam companhia, consigo chegar primeiro. Tiago Bettencourt já actua. Cenário surpreende para apresentação de um disco novo a solo. Fui surpreendido, e ainda bem. Não tinha ouvido boas informações deste disco, mas fiquei com muita vontade de o ouvir na íntegra. O segundo single "O Jogo", é uma canção poderosa e arrebatadora. Um concerto que começou bem, desceu a meio, e cresceu no final. A pedir outro palco que não um a céu aberto, nota bastante positiva. 
Findo o concerto, tapar buraco de estômago foi a primeira prioridade. Largada a carga em excesso, e de combustível na mão, cruzo-me com o leitor do ano deste blog. Conversa-se sobre concertos, Queima... Juntam-se mais uns quantos à conversa. Groove Armada, ou uma amostra disso, já estão em palco. Um DJ set era o que estava previsto, e foi isso que aconteceu. A batida constante, referida na gíria como pastilhada, foi marcante durante toda a actuação. Movimento de cabeças constante. Alguém parece caminhar sobre a multidão e dançar efusivamente ao som da batida. Poucos temas dos Groove Armada, que quando foram tocados fizeram furor na mega pista de dança que era o palco principal. Sózinho no meio da multidão, não me senti mais só do que outros, porque de facto estava exactamente a fazer o mesmo que eles. Fiquei sempre à espera que o concerto melhorasse, mas isso nunca aconteceu. Terminou de forma abrupta e inesperada, quando havia ainda muito mais energia para libertar. 
Novos contactos à procura da família perdida, e com um convite para o concerto do Grupo de Cordas. Uma descoberta do ano passado que estava com vontade de rever. O convite foi convincente. Formação renovada, causa certa desconfiança. E de facto, a energia que saía do palco, comparado com o ano passado, era muito menos perceptível. Ao fim de meia dúzia de temas, já se anunciava o fim do concerto, e o regresso dos velhos. Óptimo. Percursão e outras energias vindas do badolim e do cavaquinho, fazem recordar os concertos do ano passado que me cativaram. Acabei o concerto novamente sózinho.
Novo contacto em busca de gente na multidão perdida. Contacto com sucesso, mas localização pouco clara, no meio de uma multidão de gente, que mal tinha espaço para se mexer para os lados. Cansaço acumulado, e decisão de partir. O carro esse já estava pronto. 
Tinha mesmo de ser assim?

Fim de Crónica

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