quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Roteiros turísticos 2009: Itália, Capítulo II

Florença, é tida com uma das mais belas cidades italianas. O seu espólio intra-muros é imenso e muito ficou ainda por ver, o extra-muros foi percorrido várias vezes.

O frio acentuava-se e o cansaço também marcava presença, assim que da primeira noite em Florença, fica apenas uma primeira passagem pelos locais mais marcantes da cidade: o Duomo (também conhecido entre os viajantes como Bombo ou Dumbo), a Piazza della Signoria e a Ponte Vecchia. Muitos dos sítios já vinham dos postais. Mas ao vivo têm outro impacto. Pelo facto de não ser normal ver casas em cima de uma ponte (o contrário infelizemnte por vezes acontece) a Ponte Vecchia chamou-me a atenção e foi talvez o monumento mais fotografado pela minha máquina.

Ponte Vecchio

Ir a Florença sem visitar os Uffizi é tido quase como crime. Foi a primeira tarefa de turista. Uma manhã inteira dedicada à arte. Apesar de pouco sensível ao panorama artístico em geral, houve neste galeria quadros que me causaram algum impacto. Desde logo os dois Botticelli: "O nascimento de Vénus" e a "Primavera". O pormenor que salta à vista na tela original, não é substituível por qualquer réplica de menor dimensão.

Para tarde, seguimos para mais umas quantas igrejas e finalmente o Duomo. O homem sempre teve vontade de ver as coisas de cima, e por isso, à oportunidade de ver Florença do alto, não se diz, mesmo que para isso se pague 8€ e mais de 400 degraus para subir. A vista é sem dúvida impressionante, mas a falta de abrigo do topo da cúpula de Brunelleschi provoca alguns arrepios. A noite cai e não resta muito para ver. Passeio pela rua mais movimentada da cidade, e mais uma igreja de onde somos escorraçados porque ia haver missa. Curiosa esta recepção ao turista. Turista não casa com cristão. Em Itália, pelo menos foi assim. Este foi o primeiro episódio de expulsão de turistas de igrejas, mas outros se seguiram.

À noite, o frio só permite um pequeno passeio pelo centro. Ficou guardado para o dia seguinte a subida Piazza Michelangelo para a fotografia panorâmica sobre a cidade. Ao contrário da vista da véspera, nesta consegue-se ver tudo o que caracteriza Florença. E também as centenas de japoneses que por aqui páram, sempre de máquina fotográfica em riste. Parecem coelhos saídos da toca.

Vista panorâmica sobre Florença

Para o fim tinha ficado a visita à estátua de David, mas uma greve dos funcionários do museu, antecipou o roteiro turístico de Florença. Ficou muito por ver, por falta de tempo e de orçamento. Siena ia ser o terceiro capítulo.

Banda sonora do post são o Crookers com Backstreet Lover. Não tem nenhuma relação especial com a viagem ou com Florença. São mais uns que ansiavam por estar aqui neste blog. Não é? Tem jeito os míudos.



Fim de Crónica

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Roteiros turísticos 2009: Itália, Capítulo I

Não se pode tirar os olhos de cima do site da Ryanair. É uma máxima para qualquer jovem trabalhador da geração 1000€ que queira viajar. Outra coisa que a idade ainda me permite aproveitar é a generosidade de quem está por essa Europa fora no programa Erasmus, que gentilmente abre as portas das suas casas temporárias a quem deseja viajar com o mínimo de custos possível. Partindo deste pressupostos, foi pegar na mochila e com um plano de viagem feito em cima da hora, com alterações que não estavam de todo previstas na altura em que os bilhetes de avião foram comprados, e lançar para Itália.


Para além da viagem de avião, no primeiro dia ainda havia algumas horas de comboio para percorrer. O alojamento mais próximo era substancialmente para norte. A linha de comboio entre La Spezia e Génova é toda ela à beira mar, mas como o mar começa onde acaba a montanha, é uma sucessão de túneis, em que o sol vai espreitando nos intervalos. Para quem vinha de um mês cinzento em Lisboa, foi um belo cartão de boas vindas.

O comboio seguia para Milão, mas desci em Pavia, uma pequena cidade de estudantes bem para norte. No caminho entre Génova e Pavia, entre os muitos túneis, havia um manto branco que tinha ficado dos recentes nevões. Depois do mar, veio a neve.

Pavia pouco tem para ver. No dia seguinte bem cedo Génova estava à espera. Génova estende-se sobre colinas, desce da montanha para o mar. É o maior porto de Itália, e também um dos sítios mais improváveis para se ergue uma cidade. Mas isso também faz de Génova uma cidade diferente. Um passeio pela marginal e pelas ruas estreitas ao sol é muito recomendável. Sem ser de uma monumentalidade fora do vulgar, Génova é agradável e simpática para quem a visita. Ao pôr do sol regresso a Pavia para dormir.


Génova

No dia seguinte, saída ainda mais madrugadora. O programa do dia incluía as Cinque Terre. Cinco aldeias/vilas na costa da Ligúria, outrora apenas acessíveis por mar, e que estão classificadas como património mundial da Unesco. São acessíveis de comboio. Existe um apeadeiro em cada uma delas. Estudados os horários dos comboios, deu para ficar cerca de uma hora em cada uma das terras. As terras são Monterosso, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore, por esta ordem de norte para sul. Da forma como as encontrei. Monterosso tem praia, tem o ar de estância balnear, que em Fevereiro é desolador. As restantes são aldeias com casas pela encosta abaixo, com cores vivas, com barcos de pesca prontos a sair, apenas a fúria do mar os mantinha em terra. Valeram bem a pena as horas nas Cinque Terre, sempre à procura da melhor fotografia, e tentar gravar na memória a singularidade destes lugares. O sol ajudou. Terminado este percurso, segui para Florença, onde se foram juntando mais viajantes.

Manarola, a 4ª das Cinque Terre

Para banda sonora deste post, coloco uma banda de folk irlandês, mas italiana. Foi-me apresentada por italianos que estiveram comigo em Inglaterra. A palavra bichiere que várias vezes aparece ao longo da música, tinha até estes dias um significado desconhecido. Ao pedir um copo de vinho das Cinque Terre em Vernazza, fiquei a perceber o significado da palavra.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Ontem fui sair à noite

É verdade ontem fiz uma (breve) incursão pela noite conimbricense. 

Não sei se estou velho. Acho que não. Mas ir para um bar com música com volume suficiente para que uma conversa seja apenas perceptível por berros aos ouvidos chega a ser angustiante. 

Sentem-me numa mesa de café com um grupo de amigos, e com cerveja que eu posso ficar horas. Mesmo que não haja conversa, mesmo que estejamos feitos parvos a olhar para as magníficas televisões de cafés, a ver futebol, a mtv sem som, a fashion tv ou outra coisa qualquer. Assim tudo bem. De pé, com a clientela do costume, com a música do costume (que a mim não me agrada), assim não. Prefiro vir dormir.

Acho que em Lisboa não me acontece o mesmo. Talvez por a minha figura passar despercebida, talvez porque as caras são diferentes e os cromos não se repetem. Ainda não percebi bem. 

Senhores que passam música em estabelecimentos nocturnos: sei que talvez não passem por aqui, mas a música que eu gosto corresponde aos vídeos que aqui coloco. Bem sei que as coisas mais indie não têm lugar numa disco nite, mas também coloco muita electrónica que dá para abanar a bunda.

Ultimamente isto tem andado mais indie, e assim vai continuar por este post. São os Uglysuit com Chicago.


Fim de Crónica

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Allontanarsi dalla linea gialla

Venho despachar outro cliente. Mas para isso devo constituir um motivo forte para o fazer. Desde a 2ª feira dia 9 de Fevereiro, este é apenas o terceiro dia em que não passo mais de uma hora enfiado num comboio. Bem sei que isso pode ser rotina diária para muito boa gente, mas para mim não é. Era um meio de transporte que exercia algum fascínio sobre mim, mas que aos poucos vai-se tornando a coisa mais normal da vida. Pelo menos uma vez por semana cumpro duas horas de comboio.

Com a luz do dia as viagens tornam-se bem mais agradáveis. Nesse caso gosto de ir à janela, com a cabeça encostada ao vidro, e com os olhos do que está do lado de fora da carruagem. Absorvo o que posso. Apesar do caminho ser sempre o mesmo, e de aos poucos ir memorizando os marcos, há sempre um pequeno pedaço de paisagem que muda. Já sei que na linha do norte há dois túneis entre Lisboa e Coimbra os dois separados por alguns quilómetros, nas proximidades de Fátima.

Os comboios portugueses que frequento mantêm a tradição dos 10 minutos de atraso. Mas como repararam o título deste escrito está em estrangeiro. E queria deixar aqui a minha mensagem de apreço para a pontualidade que encontrei na ferrovia italiana. As mais apertadas ligações foram sendo feitas. O senhor maquinista até ia baixando a velocidade do comboio para ver se não chegávamos antes da hora. A frase do titulo ainda ecoa pelo meu cérebro de tantas vezes que a ouvi. A explicação é simples: cada vez que um comboio era anunciado numa estação, para além de todas as informações sobre destinos e paragens, a gravação pedia encarecidamente aos passageiros para se manterem por trás da linha amarela (linea gialla), para que guardassem uma distância de segurança à passagem do comboio.

Para que esta frase saia rapidamente das minha cabeça, fica uma boa banda sonora de viagem de comboio: Broken Records com Slow Parade. Tal como o comboio começa devagarinho, mas aos poucos vai acelerando.



Senhores passasgeiros por favor: Allontrarsi dalla linea gialla!

Fim de Crónica

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Estranho regresso

Este pedaço de escrita serve apenas para dizer que estou de volta. Ainda de ressaca de uma semana com muitos quilómetros. Fiquei a conhecer alguns dos recantos mais belos de Itália, mas ainda estou a digeri-los e com vontade de organizar ideias e criar o meu próprio concorrente ao guia American Express que utilizei para desbravar as ervas do mato.

Estou de volta e a ressacar em Coimbra. Já não estava nesta cidade a um dia de semana há muito tempo. Está um belo fim de tarde. O céu está cor de laranja, a temperatura amena. Sabe bem estar aqui. Percorri hoje os caminhos que percorri durante os últimos dois anos. Já lá vão 4 meses, o ritmo da cidade é o mesmo. A diferença é que o cálculo do caminho mais curto entre dois pontos desta cidade já não é tão lúcido como outrora. Chego mesmo a fazer a rídicula figura de andar a dar voltas ao quarteirão até a acertar com a rua certa. Há obras. Vão fazer casa novas. Sabe bem.

Eu não sou de Barcelona, mas que é uma cidade que me agrada. Ainda por cima parece que chove menos que em Lisboa. Eles dizem-se de lá. Eu dúvido, a sua pronúncia quase perfeita do inglês denuncia outra nacionalidade que podem tentar adivinhar. I'm from Barcelona com Mingus para todos vocês.



Já que é um vídeo de fã, fica também uma versão ao vivo para quem preferir.


Fim de Crónica

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O primeiro bilhete de 2009

Olá!
Como vai essa saúde? O tempo continua cinzento, eu sei. Mas os dias já são ligeiramente maiores.

Este texto pretende despachar mais um cliente. Também quero dizer que vou tirar uns dias de férias, e que vou levar este blog comigo. O que é que isto significa: se encontrar por aí algum recanto com Internet que me permita partilhar alguma coisinha, pode ser o que faça. Essa será uma excepção e não uma regra. E provavelmente nem acontecerá.

O meu périplo turístico de 2009 começa por Itália. Tenho uns dias para me fartar de pastas e de ver pessoas a gesticular efusivamente enquanto berram. Eu gosto delas assim, mas creio que são um pouco histéricas. Aproveitando a independência financeira e o facto de poder marcar férias sem me preocupar com descendentes e ascendentes, gosto de aproveitar a época baixa para ir por aí. Aproveitando para visitar amigos nos seus novos habitats, e por que não dizê-lo, a sua hospitalidade, à qual não se alheia o facto de ir visitar este ou aquele sítio.

Música para mim está garantida. Ainda há pouco renovei a lista do meu iPod. Para não haver motivo de reclamação, fica uma música nova para o caro leitor. Os suecos Fredrik com Alina's Place. Doce e melancólica. Para ouvir enquanto se vê a chuva a cair do lado de fora da janela.





Fim de Crónica

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Próóóximo!!

Nem imaginam a quantidade de músicas que estão cheias de vontade de passar de rascunho a figura de primeira página neste blog.

Hoje quero teorizar sobre duas coisas. A primeira é sobre música. Não sei se tem a ver com o meu humor ou com o modo aleotório como coloco habitualmente os meu leitores de música em formato digital, ora traz-me bonitas surpresas, ora traz-me músicas deprimentes umas atrás das outras. Estas últimas semanas têm sido bem produtivas. Digo isto tendo em conta a qualidade de algumas músicas que nunca chegarão a ver a luz do dia deste blogue. A não ser que tenham um aliado chamado shuffle.

Na segunda teoria queria falar de rendimento laboral. Hoje estou com a sensação que trabalhei bastante. Mas o facto de a tarde ter sido mais curta e ter arranjado assunto que preenchesse todas as minhas horas de trabalho vespertina, fez com que tenha a sensação que o dia foi extremente produtivo e daqui a nada largue este posto do qual escrevo, com alguma satisfação e sensação de dever cumprido. Ontem, ao contrário, a tarde foi longa, e fugi do assunto que devia ter atacado. E a sensação que levei foi a última, ou seja, senti-me inútil. Percebeis?

Os primeiros a tirar senha numa já longa fila foram os Annuals com Sore. É um épico, daquelas músicas que não cansam nem à primeira, nem à segunda, nem à terceira, e à quarta talvez... não interessa. A ideia está passada. O vídeo fica aqui.



Fim de Crónica

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Little Joy

Não consigo aguentar esta música em stand by, à espera daquela hora em que estou muito inspirado e me sai um texto docinho. Essa hora é logo a seguir a chegar a casa. O caminho a pé traz-me muito boas ideias. Infelizmente, o estômago fala mais alto, e não me deixa ir a correr ligar o computador e colocar todas aquelas ideias desordenadas que levo na minha cabeça neste blogue. Prefiro deixá-las amadurecer.

Parei no Essejota deste e mês na secção musical. E dou comigo a ouvir este Brand New Start em loop. É uma Little Joy (pequena alegria) de facto. Juntam-se bocados dos Strokes, de Los Hermanos e ainda mais outro. E o resultado é muito agradável.

.

Não vale a pena ficar a olhar para o vídeo. É uma foto da banda.

Fim de Crónica

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Dar o salto

Hoje, finalmente, a o cabo de várias semanas acordei, olhei pela janela e o céu estava algo azul. Não daquele céu azul em que se deposita confiança, mas daquele céu azul de quem dá tréguas por algum tempo, para de novo voltar à carga.

O cinzento tem dominado estes dias. Parece que Janeiro foi o mês mais chuvoso de há algum tempo para cá. Várias vezes me queixei disso. Fevereiro começa na mesma linha. Prefiro frio e sol à chuva. O caminho casa-trabalho sempre percorrido a pé ganha outras cores. Em vez de ir concentrado em levantar o meu guarda-chuva tipo escudo protegendo toda a panóplia de aparelhos electrónicos que levo comigo, consigo levantar os olhos, e observar. Observar quem passa e as suas reacções. Para além de o sol trazer muito mais gente para os passeios. E gente bonita até!

Dar o salto é uma força de expressão utilizada várias vezes em diferentes contextos. Quando me perguntaram por que vinha para Lisboa, eu respondi que queria dar o salto. Isto pode signitificar muita coisa. Agora quero dar o salto para fora desta caixa de texto e voltar ao meu trabalho que hoje tenta chamar a minha atenção sem que eu lhe consiga dar toda a atenção que ele efectivamente merece.

O salto é cantado por Emiliana Torrini, em Big Jumps. É uma das músicas candidatas a aparecer num anúncio publicitário qualquer devido ao seu elevado índice de fofura.



Fim de Crónica