quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Chove de forma míuda. O caminho de casa para o trabalho arrasta-se. Ora a pé, ora num metro apertadinho em que não preciso de nenhum apoio para vencer a inércia, ora de novo a pé, procurando refugiar-me por baixo de reclamos ou toldos que me abriguem da chuva.


Este é o centésimo post desta bagunça. E fecha com uma música retirada do novo álbum dos Killers que vai sair brevemente e será naturalmente incluído em muitos cabazes de Natal. 

A música chama-se Human.


Fim de Crónica


domingo, 26 de outubro de 2008

Não velho, mas quase

Para manter a tradição da semana passada vou tentar escrever alguma frase sobre cada um dos dias da semana.


Segunda-feira: Aquela sensação a pouco de um fim de semana demasiado curto e de saudade de Coimbra.

Terça-feira: Chuva e vento. Que desagradável! Não há carro à porta de casa e à saída do trabalho. O guarda chuva vacila dada a sua fragilidade. Que se lixe, uns pingos não fazem mal a ninguém.

Quarta-feira: percorro quilómetros em busca de casa. Conversas, negociações e cansaço. Peregrinar por Lisboa. O fim do dia chega cansado, e sem decisão à vista.

Quinta-feira: a decisão altera-se radicalmente com o passar das horas. O que no início parecia impossível, no fim é a melhor solução e aquela que me deixa mais satisfeito. Impressionante ainda a forma como numa cidade tão grande consigo ir a um café e dar com gente conhecida.

Sexta-feira: dia de regressos. Regresso às aulas, uma só para não cansar. Regresso a casa. Sabe sempre bem.

Sábado: Agenda intensa. Muita gente e pouco tempo com cada um. A sensação dos anos estarem a passar por mim é assustadora. O sentido de responsabilidade não me dá espaço a grandes locuras. Mas ainda não me transformei num velho. 

Música para a semana, Old Man dos suecos Friska Viljor. É muito engraçada a música, pena a qualidade do som não ser a melhor. Mas fica para os curiosos encontrar uma versão melhor para colocarem este tema em alta rotação no mp3.



Fim de Crónica

sábado, 25 de outubro de 2008

Bons conselhos

Há dias alguém me escreveu: "ouve a música dos Coldplay Death and All His Friends". Dado o apreço que lhe tenho fui ouvir atentamente a música. A primeira avaliação foi para a melodia. Arrebatadora sem dúvida. Mas não fiquei por aqui. O que é que diz a canção? Confesso aqui alguma da minha humildade, fui procurar a letra pela net, porque escapa sempre alguma coisa quando tento transcrever.


Li e reli a letra. É de facto inspiradora.




All winter, we got carried 
Oh way over on the rooftops let's get married. 
All summer we just hurried 
so come over, just be patient, and don't worry. 
So come over, just be patient, and don't worry. 

So come over, just be patient, and don't worry. 

And don't worry. 

No I don't wanna battle from beginning to end; 
I don't wanna cycle or recycle revenge; 
I don't wanna follow death and all his friends. 

No I don't wanna battle from beginning to end; 
I don't wanna cycle or recycle revenge; 
I don't wanna follow death and all of his friends.


Fim de Crónica.

Daqui a cinco anos...

Ao contrário do que possa parecer, neste post não vou fazer futurologia. Vou continuar a cultivar a minha veia de escritor de fim de semana para recordar a semana que agora chegou ao fim.


Continuo sem coragem para escrever do meu novo local de trabalho. Julgo que esse passo estará para breve. 
As segundas-feiras são difíceis. Um fim de semana não dá para matar todas as saudades de casa. E de repente, a segunda semana parece que vai correr muito pior que a primeira. Tinha uma vontade enorme de estar uma semana em casa e só depois retomar a vida de capital. 

A sala que me acolhe continuou confortável, mas urgia procurar algo definitivo, algo que possa chamar de meu. Telefonemas, pesquisas na net, jornais e muitos mais. Efectuou a minha lista branca de casa. Mas elas parecem cair como um castelo de areia. Já foram alugadas. São sete cães a um osso. Felizmente há algumas que se mantêm de pé e que se aguentam à intempérie. Uma tarde. Muitos quilómetros. Uma peregrinação em plena Lisboa a ameaçar chuva e a bater de vento. Foram quatro de seguida. O cansaço adia a decisão por um dia. Conversas, telefonemas e decisões. Fumo branco. 

O barulho vai-se silenciando com o passar dos dias. A sala já é um bocado minha, mas não convém acomodar-me. A rotina criada parece cada vez mais familiar e andar de metro pela manhã já não é estranho. Lisboa vai deixando de ser estranha.

Daqui a cinco anos? Pois é uma música muito engraçada dos Noah and The Whale. Tenho por hábito fazer grandes projectos, mas agora quero mesmo não pensar muito no que vou estar a fazer ao cabo de cinco anos.


Fim de Crónica.

domingo, 19 de outubro de 2008

Ofende? Nem por isso...

Bem sei que soube a pouco o escrito anterior. Sendo assim, deixo aqui mais um conjunto de episódios passados na capital.

Na segunda-feira tenho a certeza que fico em Lisboa até ao fim do ano. Começa a saga, procura de casa. A sala do apartamento que neste momento ocupo é simpática, mas apesar de arredados os sofá, ficar um belo recinto de jorkyball, falta o meu espaço. Tudo é excessivamente caro. Ao fim do dia, no regresso a casa deparo-me com uma figura fora do vulgar. Um senhor de origem africana, enconstado à ombreira de uma porta, elegantemente vestido, com um cachecol do Sporting aos ombros. Limitava-se a observar quem passava. 

Terça-feira: a tarefa do dia é fotocopiar uma tese de doutoramento para iniciar as minha actividades laborais. Procuro a biblioteca da Faculdade de Letras. Encontro. Procuro a tese. Encontro. Quero tirar fotocópias. A senhora das fotocópias ainda demora cerca de 15 minutos. A biblioteca está deserta. A senhora chega. A fotocopiadora é self-service. Duas horas de gestos repetidos e finalmente tenho a tese para levar comigo. No regresso a casa o mesmo senhor da véspera continua a observar as pessoas que vão por ali passando.

Quarta-feira: Os hábitos de vida mudaram. Não tenho hipótese de ir aos serviços religiosos que tinha por hábito frequentar. Felizmente há algo parecido por Lisboa. Saio mais cedo do trabalho e vou à procura do local. Tinha vaga ideia de onde ficava. Mas estava bem camufelada. Duvidei várias vezes do mapa que me havia sido fornecido, mas quando decidi que ia entrar pela propriedade adentro acertei. Tem menos ar de casa que o CUMN. Mas Deus está lá. Janto por lá. O jantar é parado para saber se alguém tem conhecimento de um lugar que me possa acolher em termos definitivos. Teve piada, apesar do embaraço. Infelizmente não me safei.

Quinta-feira: Primeira incursão nocturna por Lisboa. Jantar no Bairro Alto. A sangria não satisfaz. É pois recambiada e fortalecida. Regressa com outro vigor. Depois de jantar, cumpre-se um circuito pelas ruas estreitas, e por respeito ao dia de trabalho que se segue o regresso a casa é mais cedo do que habitual. Ainda há tempo para uma conversa com o taxista sobre lugares de má fama. 

Sexta-feira: Apesar de curta a incursão nocturna, teve reflexões no dia seguinte. Apesar do sono houve trabalho que se cumpriu. E claro o esperado regresso a casa.

Balanço de refeições semana: 2 almoços sem companhia, jantar sempre acompanhado, lanche não existe, pequeno almoço sempre sózinho e uma seia para o estômago não dar horas durante noite.

Espero não ter ofendido ninguém. A música Being Bad Feels Pretty Good, dos britânicos Does it Offend You, Yeah? é o remate deste fim de semana. Dá vontade de dançar e não ofende ninguém. Aproveitem. Boa semana. Espero dar notícias em breve.



Fim de Crónica

Ora bem...

Meus caros,


A redacção deste blogue passou a semana em Lisboa como havia sido anunciado, mas infelizmente não houve qualquer tipo de publicação. Motivos foram vários para que tal sucedesse, mas aquele que eu considero ser mais forte foi efectivamente o meu pouco à-vontade para publicar posts a partir da minha nova secretária. Ambiente novo, com gente trabalhadora, intimida um blogger de horas vagas em trabalho. Outro factor importante é o facto de não ter acesso à rede a partir do simpático apartamento que me acolhe enquanto não tenho o meu espaço em Lisboa.

Viver em Lisboa cansa. Ainda não amo Lisboa. Tudo é estranho. Percorrem-se quilómetros de subsolo. Barulho, muito barulho. E de vários lados, comboios, metro, carros, aviões. Tudo isto pode parecer uma agitação engraçada e fora do habitual, mas é estranho para quem adormece com carros a passar de 10 em 10 minutos. Buzinas é outro ruído habitual. Volta e meia sentado na minha nova secretária lá sai uma buzinadela. E o ruído exterior no trabalho é constante. Já não estava habituado. O pólo II é um sossego. Só é frequentado por estudantes e investigadores.

O Metro. Transporte mais fácil de utilizar para quem não conhece a cidade. E transporte de eleição. A 300 metros da porta do prédio que me acolhe e a 10 minutos do local de trabalho. São percursos desagradáveis pela falta de luz. Mas, por outro lado, a observância dos passageiros que circulam na composição é um passatempo engraçado. O metro é como filmes para adultos, só para maiores de 18. Não há crianças a andar de metro. E se não há crianças também os seus pais não andam de metro, logo a maior parte dos passageiros deste transporte, ora está entre os 18 e os 30, ora está para cima dos 65. Há gente bonita no metro. É preciso estar atento e depende da maneira como acordo. Já não estava habituado ao transporte público. São cansativos, mas baratos. São silenciosos. Parece uma discoteca sem música. Gente ao monte, mas em silêncio.

Ao fim de uma semana Lisboa ainda não parece muito agradável para trabalhar. Por mim, desenraizava a minha casa, e a sua envolvência silenciosa, quase campestre quando comparada com o ruído urbano de Lisboa, e plantava-a pela capital.


A música é dos Pontos Negros, chama-se Conto de Fadas de Sintra a Lisboa e faz parte do novíssimo Magnífico Material Inútil. Só me fiquei por esta música. É gira, tem um ritmo engraçado. Quem me dera transportá-la para o Conto de Fadas de Coimbra a Lisboa.

Fim de Crónica

domingo, 12 de outubro de 2008

Curioso, não é?

No dia me que faço a mala para ir passar a semana a Lisboa, e criar uma nova rotina na minha vida, o meu despertador acordou-me assim:



Nunca pensei que ele pudesse ser tão adequado. Já não é a primeira vez que tens um sentido de oportunidade fora do vulgar, mas hoje apreciei de forma particular.

Vou fazer a mala. Que perguiça.

Fim de Crónica

P.S.: Para quem acha tudo isto muito à frente o meu despertador é este

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Parabéns!!

Tenho lido várias demonstrações de amor de pai para filhos aqui. E confesso que ainda pouco percebo deste amor. Mas o que é certo é que me toca e me fascina a maneira como este pai fala dos seus filhos.


Completar meio século é sempre especial, mas apenas pela redondez do número. Completar meio século com dois filhos quase criados, com uma carreira de sucesso e acordar todos os dias com vontade de viver se calhar já é algo especial. 

Mãe, tenho orgulho em ti. Espero que nunca leias isto, mas escrevo como se o fizesses. Cinquenta anos. É bonito não é? Espero que faças bom uso da máquina de café. Podes dizer que já viveste metade da vida comigo, mas eu vivi toda a minha vida contigo, e agora que vou sair debaixo da tua asa reconheço que recebi muito de ti e quero continuar a receber agora de forma diferente. Parabéns mãe!

Lembrei-me desta música ao longo do dia. Espero que gostes.


Fim de Crónica

Mudança de ares, capítulo dois

Sem maiores motivos de interesse em Glasgow, manifestei em antecipação o meu desejo de visitar a outra metrópole escocesa, Edimburgo de seu nome, a capital.

Num autocarro com uma média de idades bastante elevada, aproveito para ir absorvendo a paisagem escocesa. Ovelhas vermelhas? Sim havia por aí. Não havia sítio para pernoitar, e essa foi a primeira preocupação. O primeiro sítio pensado, estava cheio. O segundo, bem o segundo é algo de inexplicável, talvez inaceitável num país do G7. Numa das mais proeminentes economias mundiais conseguimos encontrar um hostel cuja janela tinha este aspecto.





O quarto tem o aspecto que acima se pode ver, partilhado por mais alguns bagpackers, que afortunadamente não emitiram ruídos incómodos durante a noite. O ruído ficou por conta do bar que ficava dois pisos abaixo. 

Mas resumir Edimburgo a isto, é tornar importante aquilo que não o é. Mas fica o aviso. Como qualquer capital, Edimburgo foi sede de algum governo, por isso há palácios, uma rua real (a Royal Mile), museus e estátuas de reis. Os museus revelaram-se incomportáveis. Há que manter a coerência. Ainda assim os gratuitos reberam a nossa visita. Fica aqui uma s(uc)essão fotográfica devidamente legendada.


Castelo de Edmiburgo


Princess Street Gardens



Royal Mile

Fica a ressalva que apesar do hostal não corresponder aos padrões mínimos aceitáveis de higiéne, Edimburgo é uma cidade que vale bem a pena a visita.

Ainda houve um cano rebentado, uma missa ultra-formal e uma tarde no iCafé antes do regresso a casa.

Por último, derivado à atribulação acho que o novo single dos Buraka Som Sistema Kalemba é adequado à situação.



Fim de Crónica

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Mudar de ares, capítulo primeiro

Terminado um ciclo e enquanto não começa um novo houve tempo para arejar. Para renovar o ar que me circula pelos pulmões, houve tempo para abrir horizontes e para restabelecer laços.


O universo das companhias aéreas low-cost vem abrir uma série de oportunidades de viagens que outrora seriam proibitivas para a bolsa de um jovem trabalhador. Aproveitando os saldos de época e a hospitalidade de quem está por terras de sua majestade durante alguns meses, fiz-me à Escócia. 

Os primeiros dias foram passados em Glasgow. Cidade mais populosa da Escócia, é uma cidade com vida, principalmente a nível cultural. Concertos são mais que muitos. Bandas de sucesso nascem pelos canteiros da cidade. Um cluster de bandas de pop britânico é o que se pode chamar a Glasgow. Mas este tipo de cultura é pouco palpável, e ao invés a monumentalidade de Glasgow deixa algo a desejar. Fica-se por uma bela universidade, algumas praças e ruas bonitas. 

Universidade de Glasgow

Claustros da Universidade de Glasgow

Outro aspecto muito curioso da cultura britânica é seguramente a sua gastronomia a roçar o ascroso. Excessivamente banhada por molhos, muitos de odor intenso, que tornam qualquer prato normal em algo dificilmente comestível por alguém de bom gosto e habituado ao paladar intenso da gastronomia lusitana.

Chicken Kiev

Os autocarros de dois andares, tão famosos nas ilhas britânicas oferecem-nos semelhante perspectiva de uma das mais famosas ruas de Glasgow, a Sauchiehall Street, povoada de bares e lojas e ainda um cinema que em vez de filmes tem concertos.

Sauchiehall Street

Imaginem que em vez de filmes o cinema tinha concertos. Sim é isso mesmo. Num passeio por esta rua, sou interpelado com um anúncio de um concerto de Ladyhawke, que fez a sua estreia neste espaço no último post. Concerto em Glasgow tem alta probabilidade de estar esgotado, mas a regra não se confirma e por um preço bastante acessível assisto a um concerto que não estava de todo à espera. O público britânico é uma desilusão. Começo a achar que afinal o público português é mesmo especial. A intensidade com que se vive o concerto é baixa. A neo-zelandesa também está longe de ser extrovertida. Vale a pena. E só para recordar aqui fica outro single da Ladyhawke retirado do disco homónimo.




Fim de Crónica