terça-feira, 30 de março de 2010

Arquipélagos

Há muitos vídeos bonitos na net. Vídeos que nos comovem e não nos deixam indiferentes. Mas o certo é que muitas vezes as imagens dos vídeos repetem-se debaixo dos nossos olhos e não somos capazes de fazer nada.
Perto da minha casa há um senhor que é uma ilha. E na sua ilha tem objectos. Anda de mão estendida para ver se alguém o tira da ilha. Mas não sei se junta o dinheiro todo para comprar uma viagem de barco que o tire de lá. A maior parte das pessoas pões os olhos na calçada e ignora. Eu prefiro abanar a cabeça e dizer que não. Acho que um não é melhor que indiferença. Mas no fundo sinto que a minha contribuição para aquele senhor deixe de ser uma ilha é nula. Mas por outro lado tenho medo de lhe abrir as fronteiras do meu continente. Mas ele continua a ser uma ilha. Casos como estes há muitos. Desde de gente que vagueia, que dorme nos multibancos, que espreita a todo o caixote do lixo, e tudo isto debaixo dos meus olhos.



Para mim, o conjunto tem muita força. Se várias pessoas saírem dos seus continentes e derem as mãos a quem fico isolado, essa força pode ser maior e as ilhas deixem de ser ilhas. Para mim é inútil que se tente pagar esse bilhete com migalhas. Se é para pagar o bilhete, que se pague por inteiro.

Apesar de toda a carga do que aqui se escreveu, não queria deixar de vos dar música. Os Two Door Cinema Club, lançaram há coisa de semanas o seu álbum de estreia 'Tourist History'. E estou muito agradado com o resultado. Já passaram por aqui uma vez, e regressam com 'Eat That Up. It's Good For You' o meu tema preferido do álbum. Não é para esquecer o que falei atrás, mas para irmos com alegria buscar os homens isolados.



Fim de Crónica

domingo, 28 de março de 2010

Humor de Portugal

De há uns tempos para cá deixei as viagens de comboio. Deixou de me interessar tanto discutir o TGV ou outras alternativas ferroviárias para Portugal. Nesta semana, por motivos técnicos, abriu-se uma excepção.

A verdade é que a observância da dinâmica dentro de um comboio é algo extremamente inspirador. Desta vez vinha a pensar que Portugal se leva demasiado a sério. Dá-me a ideia que em Portugal tudo se arruma em gavetas. Há determinadas gavetas em que se pode achincalhar, há outras em que é proibido mexer. E por isso há áreas da vida que se tornam para mim aborrecidas porque os seus intervenientes levam-se demasiado a sério. Eu próprio me levo demasiado a sério. Tenho alguma dificuldade em rir-me de mim. É um exercício que gostaria de fazer mais vezes.
Para dar alguns exemplos, e voltando ao comboio, passava na televisão de comboio um programa de turismo com Eládio Clímaco (que mito!). O programa torna-se aborrecido porque não tem graça. Não prende a atenção. Dizem os peritos em comunicação que se deve dizer uma piada perante uma plateia adormecida. Mas este programa é sério. Todos os programas de futebol são também eles sérios. Os de política também. Os de informação é inevitável. Por isso gosto de ouvir a Linha Avançada na Antena 3, o Governo Sombra na TSF e gosto de ver o Eixo do Mal na Sic Notícias e a Liga dos Últimos na RTP. Porque não gosto da carga que têm estes nas sociedades portuguesas.
Há uns tempos descobri o Top Gear, um programa britânico sobre automóveis. Para mim basta-me saber que eles andam, uns mais depressa outros mais devagar, mas andam. Mas o que em Portugal é tratado com a seriedade dos números, os britânicos tratam com humor e fazem de um programa de carros uma coisa interessante e que dá vontade de ver.
Gostei do esforço dos Gatos durante as eleições. A puxarem pelo humor dos políticos. Não acredito que os políticos sejam tão chatos como os programas de política os fazem parecer.
Malta, não nos levemos tanto a sério.

Para abrilhantar a minha reflexão, fica Brick By Boring Brick dos Paramore. Fiquei triste de os ouvir na Mega FM. Mas não é por isso que deixo de achar piada a uma banda com sonoridade típica dos Estados Unidos, mas com uma belíssima voz feminina à frente.




Fim de Crónica

terça-feira, 16 de março de 2010

Revivalismos

Este blogue está muito silencioso.
A música tem saído mais frequentemente pelo facebook, e por esse motivo isto aqui anda muito calminho. Estava à espera do momento certo para dar música a este espaço e passar a mensagem que agora estou mais pelo outro espaço.



Peço desculpa ao Tiago Guillul, porque a música merecia mais comentários da minha parte, mas este vídeo é, do meu ponto de vista, das coisas mais engraçadas de se ver para um jovem adulto que nasceu em meados dos anos 80. Quem não se lembra das futeboladas de bairro? Assim que havia uma camisola de uma qualquer equipa de futebol acabada de chegar à gaveta do roupeiro, era para ir jogar futebol para a rua. O chão era de brita, o campo inclinado (não no sentido metafórico), as garagens delimitavam o campo, as balizas não ficavam frente a frente. Havia muita imaginação para fazer de um campo de futebol aquilo que eram as garagens do prédio. Havia ainda sensação que dada a altura do prédio podia haver uma multidão a observar e aplaudir. E depois do futebol, o Subbuteo. Ainda me lembro da Argentina de Maradona com as pernas todas partidas pela Alemanha de Matthaus. Havia ainda o Sporting.
Já o Sunquick, não havia muito. Havia água do tanque de lavar a roupa da garagem. E de vez em quando um sandes para acondicionar o estômago.
As cadernetas de cromos que nunca completei...
Estou embevecido com este vídeo e não me importo de rever várias vezes.