Falamos não de uma cruz, mas sim de uma bicicleta. Nem mais nem menos que uma bicicleta. Pode nem ser a mesma sempre, mas o certo é que é só uma de cada vez. É esse o objecto que acompanha aproximadamente durante três semanas do mês de Julho. Outra verdade é que a história se repete todos os anos. Objectivo: chegar a Paris.
Falo pois de uma das maiores competições desportivas à escala mundial. O ciclismo é uma modalidade que atinge níveis de popularidade incríveis em quase todos os continentes da Terra. A sua prova rainha é a volta à França. O hexágono, assim conhecido pelos gauleses, possui condições orográficas como nenhum outro país na Europa. É delimitado por dois dos maiores maciços montanhosos da Europa, os Pirenéus e os Alpes. Por esse motivo há matéria prima para uma competição velocipédica sem concorrente. O sofrimento aqui é imenso. O desporto é quase desumano. Horas afim em cima de um selim, a subir, a descer, debaixo de sol, chuva, vento... O que estes altetas suportam, não está ao alcance do comum dos mortais. Por isso é um desporto sempre sob suspeita. Ouso dizer que alguém com prática desportiva regular seria capaz de aguentar 90 minutos de futebol a um ritmo aceitável. Esse mesmo alguém a cumprir 200 km, com subidas de dezenas de quilómetros, consecutivas, sem grandes espaços para recuperar o fôlego, dúvido que aguentasse. A magia deste desporto está maneira como o cansaço se vai revelando nos atletas. O assunto vem normalmente daquele que quebra primeiro. Isto porque se cria uma expectativa à volta das capacidades dos atletas que muitas vezes acaba por ser desiludida. Quase todos os favoritos foram vistos a quebrar, no entanto este ano está de regresso o homem que quase nunca quebrou, e por isso conta com 7 vitórias no currículo, para além de uma ainda maior vitória contra o cancro. Lance Armstrong veio acrescentar motivos de interesse à corrida. À hora que vos escrevo a corrida está muito morna. Anos houve em que por esta altura da prova, Armstrong já tinha eliminado toda a concorrência. À entrada da última semana, tudo por decidir. Mais emoção, menos espectáculo, é o balanço deste Tour. Mas nem por isso a curiosidade arrefeceu. É certo que já não há férias em Julho, nem épocas de exame, em que o tempo se podia modelar ao Tour. Mas há muito mais informação para acompanhar a corrida. Dá para acompanhar nas horas de bloqueio mental e informático.
Comecei por fazer numa cruz. Pois, Heavy Cross é novo single dos Gossip, retirado do úlitmo álbum desta banda de Portland. É um tema muito potente e que facilmente entra no ouvido.
Cada um tem a sua cruz. Esta é pesada e é dos Gossip.
Fim de Crónica
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