terça-feira, 1 de julho de 2008

Rocky Bilbao

Não, não vou falar de um festival de rock. Não vou falar de uma experiência de cinematográfica do retrato de um pugilista.

Cheguei ao País Basco encolhido, e saí de mente aberta. Experiências novas proporcionaram novos horizontes e novas fontes de motivação, que não são contrariadas por um dia-a-dia por vezes monótono e repetitivo. O local é o mesmo há quase dois anos. A vista também. O computador um pouco mais recente. A cadeira não, mas é bem confortável. Tudo isto vicía.
Por muito que esteja preso por correntes a seguranças que ainda tenho, sinto que outros ares me fazem bem, me pacificam, e me libertam. O ar de Bilbao foi capaz de fazer isso tudo.

Gostava de poder ter feito um diário, mas não consegui. Eram coisas a mais para tão poucas horas que um dia contempla, e ainda por cima o motivo mais forte desta visita, o científico, pede mais concentração, e por isso descanso. As primeiras horas são difíceis. Demasiadas interrogações. Espero pelo dia seguinte. Manhã cedo, muito cedo, depois de uma noite com a companhia salutar das turbinas do ar condicionado, saio. A primeira vez faz os planos mudar.
Primeiro impacto com situações idênticas à minha. Primeiras conversas, primeiros silêncios ensurdecedores. Conversa de circunstância procura saber o que é que cada um faz, o que é que cada um está ali a fazer. Dá para desentorpecer a língua que durante algumas horas esteve parada. Procedimentos de identificação, organização, normais num certame do género. Primeira apresentação. O cérebro ainda está dormente e pouco preparado para receber informação numa língua que não lhe é familiar. Aos poucos vai-se adaptando. Acompanho, não percebo. Foi bom. Intervalo para especialidades gastronómicas que rapidamente enjoam devido à quantidade invulgar de gordura. No entanto a gastronomia é um dos factores culturais que aprecio, e não quis deixar de provar. Regresso ao cinema. Muda o actor principal e o título do filme. O filme é interessante, motiva, faz-me sorrir e pensar que afinal o que faço pode ser útil. É só ter um pouco de imaginação.

Foi um dia longo. Mas ainda não acabou. Sempre com medo que a fome aperte, a visita a um supermercado torna-se indispensável quando me encontro em viagens.
Tinha sido combinado hora e local, à moda muito antiga, quando ainda não havia telemóveis. Estou atrasado e decido não ir. Continuo pela gastronomia local. Vou tomando o pulso aos hábitos de vida locais. Um copo ao fim da tarde, acompanhados com os tradicionais pintxos, depois de um dia de trabalho. Os filhos acompanham os pais, e fico do lado de fora agarrados às suas consolas. Um volta pelo praça, e acabo por encontrar-me com os combinados. Deixei correr o tempo mais do que queria, afinal, já havia uns dias de alguma insónia. Encontro em mim uma capacidade estranha de ter lata para pedir favores a pessoas que não conheço, e que se limitaram a partilhar a sala comigo durante uns dias.

Agora sim é hora de partir. Queria condensar uma semana em poucas linhas. Condensei um dia, e assim sigo para o próximo.

Fim de Crónica

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