Finalmente, quando tinha descido ao mais fundo dos meus sonos sou incomodado pelo som de dois despertadores que consecutivamente me insistem a tirar da cama. Noite com insónias, apesar do cansaço, ainda não estou adaptado ao novo habitat. O jet lag complica ainda mais um acordar que geralmente é silencioso e mal-disposto.
Pequeno almoço com companhia. Saída para o local de trabalho, trânsito matinal. Parece que vivo numa grande cidade. Em cima da hora há tempo para procurar um café. Abençoado. Várias horas seguidas de exposição, num dialecto a que se convencionou chamar Spanglish. Há tempos, era daquelas coisas que me fazia rir que nem perdido, agora sou um ser triste, que nem sequer se consegue rir com a desgraça dos outros. Desinteresse. Já não era sem tempo. Regresso à cidade, almoço em companhia, passagem pelo quarto para ver novidades de cá, saída a correr para o encontro marcado. Como é bom aproveitar as margens do rio para tudo. Cursos de água atraem gente farta de olhar e ver asfalto. Viaja-se por pormenores, coisas que passam despercebidas, tiram-nos vendas, e orgulho-me de ser português. Há um toque de um dos nossos génios naquela cidade, que brevemente se irá erguer.
Jantar de Gala? Podia ter sido, mas não houve tempo glamour, e a indumentária formal ficou no quarto de hotel. Jantar regado de cidra, vinho, com especialidades regionais. O relógio anda depressa. Paragem num bar de preços proibitivos. Conversa-se. Nesta altura do jogo, a ligação ao português é ínfima, o inglês sai solto e quase sem pensar. Discute-se os povos amorfos, que deixam que tudo aconteça sem reacção. E está na hora, porque a manhã seguinte é de trabalho.
Com tanto medo da solidão, é precisamente depois do regresso que me sinto mais sózinho.
Fim de Crónica
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