quinta-feira, 19 de junho de 2008

Sair dos quartos

O som do despertador tinha mudado. Não acordar com música foi estranho, parece que um ritual se desfez, só porque falta parte de mim. Desço a escadaria, e vou à procura. Procuro e não encontro. Pergunto onde está, e descubro que o que procuro não está. Dia de jogo, faz-me preparar de gala, cuidados de higiéne redobrados, faço a barba, corto as unhas. Estou indeciso, visto o equipamento do dia? Não, com a propenção para a sujidade que me é inerente é melhor não o fazer. Fica para mais tarde, o equipamento é para as ocasiões importantes, e não para sujar à mesa, com a gordura salpicante que se retira dos pratos quando chapinhada por um pedaço de bife.


Já chega. Apetece-me fazer um post de comentário desportivo, e vou fazê-lo. Motivo: análise às 16 equipas que passaram e algumas que continuam a passar pelos relvados da Áustria e Suíça.

Suíça: A selecção anfitriã não era à partida uma das mais fortes, mas quanto a mim era uma forte candidata ao apuramento. Teve azar nos primeiros jogos.

Rép. Checa: Apontada como favorita, mostrou bons argumentos, mas sentiu a falta de Rosicky e Nedved, o primeiro lesionado, o último retirado da selecção, para imprimir outra acutilância no ataque, e para fazer a equipa acreditar.

PORTUGAL: Depois de um apuramento feito com os mínimos, Portugal aparece no Euro muito solto, e a jogar bom futebol. Peça fulcral no jogo: Deco. Grande jogador, insubstituível neste momento ao nível da selecção. Depois temos o melhor do mundo, que também ajuda. Atendendo a que dos nossos clientes habituais só resta a Itália, porque França e Grécia já foram embora, podemos acreditar que pelo menos estamos livres dos nossos pesadelos.

Turquia: Decepcionante no primeiro jogo, esta equipa tem uma alma enorme, e bons jogadores no meio campo. Haltintop e Nihat são as estrelas. A defesa é muito dura de rins.

Áustria: Não estaria qualificada se não fosse organizador. Mostraram querer, vontade, e muito pouco jeito para jogar futebol. 

Croácia: Selecção renovada, com um treinador que admiro pelas suas várias facetas. Ex-jogador, advogado, líder de uma banda de heavy metal. Tem boas individualidades, mas é no colectivo que está a sua força.

Alemanha: Convincente no primeiro jogo, desilusão nos dois últimos. Estariam eles a poupar-se para a segunda fase? Pode fazer mais esta Alemanha, como se viu no mundial. Tem um colectivo forte, e são muito matreiros, num remate de longe podem mudar a sorte do jogo. Ballack é o líder.

Polónia: De que serve fazer uma boa qualificação? Nada. Têm alguns bons jogadores, formam um bom colectivo, mas foram uma das desilusões da prova. Smolarek em muito má forma, só marcaram um golo na prova.

França: Há vida depois de Zidane? Ainda não. Os franceses tiveram muitas dificuldades em atacar. Embora acompanhados pelo azar, que não lhes tinha tocado noutras alturas, mostraram debilidades que já há muito não se viam. Foram para casa.

Roména: Sólidos a defender, débeis a atacar. Arrancaram dois excelentes resultados, mas depois quando foi preciso agarrar o jogo, deixaram fugir a oportunidade. Jovem selecção que promete presenças assíduas nestes certames.

Holanda: Grande revelação do campeonato. Esperava-se uma laranja forte, mas não uma laranja mecânica, trituradora mesmo. Esmagou dois adversários de respeito. Com jogadores talentosos, muitos deles campeões da Europa em sub-21, é um forte candidato. Entrou com pujança a mais, e a pujança, normalmente, não dura até ao fim.

Itália: Campeões do mundo, mantiveram a estrutura, perderam o capitão a poucos dias do início da prova e sentiram grandes dificuldades para passar. São o melhor conjuto de individualidades da prova, o que nem sempre se traduz na melhor equipa. São um dos nossos clientes habituais. Quanto a mim são os mais sérios candidatos.

Espanha: Grandes qualificações, fases finais abaixo das expectativas. O sucesso nos escalões jovens ainda não teve repercursões a nível sénior, mas algum dia terá que ter. Uma selecção servida por boas individualidades em todos os sectores, que apesar das três vitórias, não foi muito convincente, e pelo histórico, não me faz ter muita fé neles.

Rússia: Uma das minha fezadas para este campeonato, servida por muitos jogadores do Zenit vencedor da taça Uefa, com muito jogadores dos clubes de topo da Rússia, que impõem respeito na europa do futebol, e com um treinador habituado aos milagres, os russos desiludiram na primeira jornada, mas rapidamente se levantaram, e estão de pé para os quartos.

Suécia: Gosto da equipa, como das fãs que a acompanham. Um estilo britânico, futebol rápido, de primeiro toque, mas que não se viu neste Euro. Uma vedeta solta lá na frente, algo desligado do resto da equipa, que também não me pareceu muito sólida.

Grécia: Fizeram o pleno, de derrotas. A única selecção a sair em branco do Euro, com apenas um golo marcado. Os milagres acontecem de vez em quando, e apesar da minha expectactiva em relação ao primeiro jogo, rapidamente deu para ver que não iam longe. Não havia Portugal no grupo.

Posto isto, para finalizar um post de homem, uma música de homem. Great Dj retirado do We Started Nothing dos Ting Tings, é uma música que se aprende a gostar e trautear.


Quanto ao Euro que ganhe o melhor e que o melhor seja Portugal, e se ganhar o pior, que o pior seja Portugal.

Fim de Crónica

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