quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Eterna Insatisfação

Ainda ontem me queixava que nesta semana tinha trabalho poucas horas, e agora já escrevo post em horário de trabalho. Talvez isto me ajude a encontrar uma saída para o meu bloqueio, enquanto espero por uma conversa com alguém mais experiente, essa sim que certamente irá desencadear uma série de novas questões e dúvidas. No fundo é a minha rampa de lançamento para alguns dias de trabalho com produtividade elevada. Produtividade elevada? Não estarei a cair no exagero de querer muito mais de mim, ou será simplesmente uma vontade de estar plenamente naquilo que estou a fazer...

Sei que as minhas questões existências são muito desinteressantes, mas a ideia de escrever não esteve aí. Esteve sim enquanto ontem à noite olhava para duas enormes fotografias de grupo que tenho no meu quarto, de dois cursos de Verão que fiz em Inglaterra, para impulsionar o meu conhecimento da língua hoje aceite como global. Para além do conhecimento da língua, estes cursos são óptimas experiências de convivência e câmbio cultural. Infelizmente nem toda a gente teve esta oportunidade, sinto-me profundamente agradecido por tê-la tido.

Enquanto mirava as caras fiz um exercício simples: olhar para cada uma das pessoas que aparecia na foto e lembrar-me da sua nacionalidade. Não foi fácil chegar à nacionalidade de alguns. Foi fácil verificar que estavamos quase todos dispostos em aglomerados da mesma nacionalidade, que os profs estavam todos na mesma fila com director no centro da foto. Mas não me fiquei por aqui. Comecei a pensar no que sentia no início daqueles cursos. Num sítio onde não se conhece ninguém, normalmente há menos resistência à primeira abordagem. Todos damos o benefício da dúvida, porque não conseguimos viver sem relações e vamos ter necessidade delas durante as semanas que vamos passar ali. Por outro lado, não há conhecimento do passado, dos defeitos e qualidades de cada um, é um começar de novo. Durante os anos em que fiz estes cursos, 2000 e 2001, estava inequivocamente numa altura de necessidade de afimação pessoal, e naturalmente fechado sobre mim próprio, com a minha enorme teimosia, convicto de que conseguia resolver os meus problemas por mim, por isso sentia que estes cursos onde começávamos do zero em termos de relação eram uma nova oportunidade para mim. Para ver bem até onde a teimosia chegava, recordo-me particularmente de ter negado o adiamento de um teste de português, contra a vontade de toda a turma (toda é mesmo toda), só porque já tinha estudado a matéria, e não me apetecia voltar a estudar outra vez a matéria. Como todos vieram falar comigo para ver se eu cedia, era como se fosse o centro das atenções e sentia-me bem com isso. É claro que hoje isto me parece ridículo, e dou graças por ter crescido em todos os aspectos.

O certo é que ao fim destes anos todos, das cerca de duzentas pessoas que figuram nas paredes do meu quarto, ainda tenho contacto com talvez umas quatro, o que não me parece pouco, atendendo ao pouco tempo que estivemos juntos.

Estes cursos trazem sempre recordações fortes, e histórias engraçadas que merecem ser contadas. São semanas muito intensas, em que há sempre coisas para fazer, entre aulas de inglês, aulas de outra coisa qualquer, jogos de futebol, actividades nocturnas, e profs a ver se toda gente está deitada à hora.

Brevemente mais crónicas...

Fim de Crónica

1 comentário:

An@ disse...

Recordar faz bem... lembra-nos o que fomos, passámos... a evolução nota-se, a saudade também... tanta coisa... lições, memórias, marcas...

Vai fazendo bem... a curto ou longo prazo!
*