quarta-feira, 20 de maio de 2009

Números

Foi em Janeiro, e parece que foi ontem.
Há alguns anos que ouvia falar de pessoas que tinham números, e que os número queriam dizer alguma coisa sobre o tipo de personalidade. Há alguns anos que me sentia de certa forma marginalizado por não fazer parte dessa elite. Há alguns anos que não havia oportunidade de procurar o meu número, mas este ano houve. É uma experiência que abana. De tal forma que passados estes meses penso em números todos os dias. Não consigo fugir à tentação de perceber quais são os números dos outros, pelo simples facto de isto me facilitar de certa forma a vida. 


Deixo aqui o meu contributo para a última ediçaõ do CUMNicação, o jornal do CUMN em que falo sobre este assunto. O jornal encontra-se à venda no CUMN, na Rua José Falcão em Coimbra.


"Nove números. Qual será o teu?

Bem podia ser um novo concurso de televisão dos serões de dia de semana. Mas não é. É o Eneagrama.

Pode ser perigoso atribuir rótulos a pessoas, mas esta ciência milenar, com origens no médio oriente vai aos poucos sendo comprovada por estudos recentes de psicólogos. O Eneagrama procura definir o tipo de personalidade base de quem a ele se submete e se deixa levar por esta ferramenta de autoconhecimento. Existem os tais nove tipos de personalidade, a que cada um corresponde um número.

Qualquer descrição que eu procure fazer sobre este fim-de-semana, pode soar algo polarizada. Se o amigo leitor procura com este artigo encontrar o seu tipo base de personalidade, desengane-se. Não há nada que eu possa fazer por si. Apenas lhe posso sugerir, que se deseja conhecer-se um pouco melhor embarque na aventura do Eneagrama.

Apesar do Eneagrama ser um curso de fim-de-semana, sinto que não acabou. A cada dia que passa vou provando e comprovando o que o Eneagrama foi dizendo do meu tipo de personalidade. É fascinante. Parece um cliché, mas passei a tratar “os bois pelos nomes”, a olhar para os outros de maneira diferente, a tentar enquadrar os seus momentos piores nas reacções típicas que me fui absorvendo durante aqueles dois dias. Estou todos os dias a fugir da tentação de colocar números nas pessoas. Às vezes penso que seria bem mais fácil assim. Se calhar encontraria a fórmula para me relacionar com toda a gente. No fim disto tudo lembro-me que o Eneagrama é dinâmico: se estamos integrados (quer dizer qualquer coisa como “estar bem” em linguagem de Eneagrama) absorvemos as qualidades dos vários tipos de personalidade, se estamos desintegrados vamos coleccionando defeitos dos vários tipos de personalidade. E tudo volta ao início e penso que afinal não é aquele o número, e não vale a pena procurar um número.

E não se fica só pelos outros. A maneira como me olho, e como reajo perante situações do dia-a-dia tem agora explicação. Reparem que disse explicação e não justificação. Agora que sei como reajo acho que estou em muito melhor posição para lutar contra esses comportamentos que o Eneagrama chama de compulsão. Se este conhecimento for bem usado, posso aos poucos pôr-me a render.

A vontade do Homem se conhecer a si mesmo, está expressa pela quantidade de informação sobre o Eneagrama que se pode encontrar na Internet. Pouca é fidedigna. Considero-me privilegiado por ter participado neste fim-de-semana, por ter sido guiado pelo P. Gonçalo Eiró sj, com ajuda da Mim e do João Pedro. Há fins-de-semana de Eneagrama com alguma regularidade, se o amigo leitor estiver interessado pergunte por eles no CUMN.
Recomendo vivamente"

Para banda sonora, temos a música que mais tenho ouvido nos últimos tempos. Chama-se In For the Kill de La Roux. Apesar do nome bem francês, este duo inglês está a dar cartas na música electrónica nesta primeira metade de 2009. É sem dúvida um dos grandes temas do ano até agora.



Fim de Crónica

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