terça-feira, 16 de setembro de 2008

Ruído saúda-se

Venho acima de tudo saudar este regresso dos Verve que nos anos 90 tiveram um dos álbuns que mais vezes ouvi enquanto jovem sem barba, um tal de Urban Hymns (se não me falha a memória). Aventuras a solo pelo meio do vocalista Richard Ashcroft, regressam com um novo álbum e este é o seu single de abertura, Love is Noise.




Não acredito nele quando diz que o amor é ruído, mas quando diz que é dor, vejo aqui um amor humano. Esse dói. O amor divino é gratuito e desinteressado. Talvez por isso não causa dor. Consiguirá alguém amar assim?

Aproveito ainda para informar que nos mês de Outubro, a redacção deste blog muda-se para outras paragens. A capital vai acolher esta numerosa equipa.

Fim de Crónica

1 comentário:

Kiya disse...

Não sei se essa tua distinção entre amor humano e Amor divino não será aritificial. Mais, creio mesmo que é paradoxal.

Deus é uno mas também é trino, querendo isto dizer que é Pai, Filho e Espírito Santo. Assim sendo, se Deus é Amor, então fazem parte deste Amor as três pessoas de Deus, indissociáveis. Ora, é sabido que Jesus Cristo sofreu amargamente - deixando de lado o exemplo óbvio da Cruz, eu falaria da noite antes, quando Jesus vai orar para o Monte Getsémani, e chora angustiadamente o que sabe que o espera.

Ora, se o Amor não é de facto ruído - nessa parte estamos de acordo -, o Amor é claramente Dor: o Amor é entrega, e ao entregares-te, ao saires de ti, isso causa dor.

Dirias tu: mas isso é o Amor humano. Ao que eu responderia: o Amor divino só ganha corpo no Amor humano. Quero com isto dizer que Deus nos ama tão avassaladoramente que sente necessidade de partilhar connosco o que vivemos e de sofrer connosco. Porque o Amor é comunhão.

Então chegamos ao ponto em que o Amor humano e divino não são distinguíveis na medida em que um se continua no outro num degradée não delimitável. Agora, é nosso caminho o nosso amor humano tornar-se cada vez mais divino, ou seja, mais livre e gratuito. E é isto, e não o existir ou não dor, que distingue os dois tipos de Amor: a capacidade de entrega, a gratuidade. Mas a mim parece-me que a dor há-de sempre estar ligada à gratuidade, porque quanto mais amas mais és capaz de abarcar às tuas costas o sofrimento que te rodeia. Se Jesus Cristo foi o homem que mais amou na terra, foi também, decerto, o que mais sofreu.

O Amor é dor? Sim, mas, e acho que é isto que falta na letra da música, não é só dor. E essa é a parte consoladora da coisa, porque o que no Amor não é dor compensa largamente a dor que traz o Amor.

:)