sábado, 5 de julho de 2008

Rocky Bilbao - O último round

Já faz falta uma banda sonora para acompanhar a leitura de posts.



São os MGMT (ex-Management) com Kids, extraído do último Oracular Spectacular. Belo tema para ver ao vivo no próximo dia 10 de Julho no passeio marítimo de Algés, onde eu não vou poder estar, e tenho um bilhete comigo.

Estava nas últimas horas. Última apresentação, uma das mais interessantes do meu ponto de vista. O cansaço desliga-me por momentos, mas rapidamente recupero a atenção. Foi rápido. Estava com saudades de ter aulas. Algumas foram sublimes, outras daquelas que nunca mais acabam, mas mesmo assim estava com saudades.

Terminadas as injecções de ciência, estava na hora das primeiras despedidas. Refeição universitária, porque havia quem não passasse da universidade. Ficam as primeiras despedidas. O dia de sol e proximidade do mar convidavam a um mergulho. Mas o fato de banho tinha ficado no roupeiro, em casa. A água está fria, pensava eu. E estava, não só fria como suja também. Muito suja. Mas mesmo assim, não duvido que se tivesse o fato de banho teria mergulhado nas águas bascas. Esplanada ao estilo Ibiza, com pessoas bonitas, música chillout, e o sol ao fundo. O sol teimava em brilhar apesar do adiantar da hora. Regresso à cidade apenas tempo para mudar de calçado, e seguir para jantar. O pôr do sol ainda marca a hora de jantar. Os meus receios de terminar num qualquer restaurante de fast-food, não se confirmam. A tasca da véspera, onde me senti jacaré, estava aberta e cheia. Como demais, mas dada a qualidade da comida não me arrependo. Vamos em busca de um conselho das gentes da terra para uma noite animada. Encontramos algo que se assemelha à descrição que nos tinham feito. Não podemos entrar, há concerto. Numa praça, vários grupos cumprem a tradição espanhola do botellón, a tuba barata, com tudo comprado no supermercado. Tento não adormecer sentado no banco do jardim, não contei cordeiros, é mais divertido encontrar miúdas giras no meio dos botellónes. A multidão deixa o concerto, e agora sim vamos entrar. O espaço é fantástico, um teatro convertido em discoteca, com concertos ao vivo, entrada livre. Os bascos ainda não se converteram ao copo de plástico, e corria sérios riscos de levar com uma garrafa de cerveja a explodir na minha perna. A música estava a puxar à erva aromática que fluía pelo ar apesar de tudo leve deste teatro. Senhores do avenida, já pensaram nisto? Tirar as cadeiras todas, construir uns bares. É fixe não é?
A música provoca sensações diferentes em quem dança. Faço teorias sobre como se dança à francesa, à finlandesa, à irlandesa, enfim. A música disfarça o cansaço. Mas o cansaço vence e minutos depois já estamos a despedir-nos cá fora. De repente, ouço qualquer coisa familiar. Sim, estão a falar português. Que saudades, finalmente!! Dois dedos de conversa, afinal falar português e ser português já é muita coisa em comum, e dá logo para longos minutos de conversa. Que melhor treino para o dia seguinte. Regresso às despedidas, alguém me diz "you looked like you have known them for years!!", não amigo, tuga é assim. Despeço-me e regresso ao hotel. Neste regresso penso, rezo, e acho que só uma situação como esta pode tornar pessoas tão diferentes, de origens tão diversas, em pessoas tão próximas. Pensava que tinha usado as pessoas para colmatar as minhas faltas de relações. Não sentia vontade especial de voltar a rever aqueles que nesta semana não me deixaram sozinho. O tempo o dirá, o que fica desta semana.

Última manhã. Giro pela cidade, compras de última hora, fotos para comprovar a visita a Bilbao. E tudo pronto para um regresso. Um óptimo regresso, de coração, e cabeça cheia.

Fim de Crónica


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