Mestre Zé é o nome pelo qual o meu bisavô era conhecido. Ele levava a sua Praia Morena e os seus homens para o mar. Muitos quilos de sardinha e outras iguarias da costa algarvia vieram a bordo da Praia Morena. Mestre é o homem que manda a bordo, tem de ter o faro para sentir para onde se movimentam os cardumes. É disso que depende a sua sobrevivência à frente da nau.
Ao contrário, eu não trago peixe para terra. Os mares são revoltos. Agora chamam-me mestre por outros motivos. Confusões à bolonhesa. Sem que estivesse à espera de alguma coisa, fiz-me mestre, deixei uns trocos no quiosque, ia escrevendo umas coisas, sempre a pensar que qualquer um podia fazer o mesmo. Afinal, tomar conta de vários computadores, mudar um número ali ou acolá qualquer espertinho faz. Mas parece que não, parece que fiz algo mesmo bom e importante. E que as pessoas gostaram. E por isso, e ainda porque escrevi umas coisas para os estrangeiros aprenderem como se faz, fizeram-me subir ao topo da escala. Eu desconfio. Como sempre. Mas o topo já não me tiram.
Agora estou a ver novas rotas de pesca. Ao mesmo tempo as sugestões musicais são escassas. Muito pouca coisa me tem entusiasmado ultimamente. Mesmo assim este Silver Lining dos Rilo Kiley agradou-me e quero partilhar isto convosco.
Fim de Crónica
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