segunda-feira, 31 de março de 2008

Existências

A mudança de hora é algo que me agrada bastante. Anoitecer quando já acabei de trabalhar é muito melhor, custa menos o trabalho, sinto mais elos entre as pessoas que trabalho, porque interiorizei que à noite não se trabalha. Este adiantar da hora faz-nos adaptar a um novo fuso horário: a hora de Verão. O Verão ainda não está aí, mas a hora já é a de Verão. Essa adaptação, faz com que me deite uma hora mais cedo, e me levante também uma hora mais cedo. Quando chego à cama não tenho sono, quando saio da cama parece que um camião passou por cima de mim. Ainda não me encontrei no dia de hoje.


O fim de semana foi bem cheio de eventos sociais, aos quais não fui capaz de dizer não. Mas um fim de semana com 47 horas sabe a pouco. Falta por ali uma hora de sono. No fundo o fim de semana foi um grande passatempo. Tenho andado hoje a pensar que a vida é um grande passatempo. Queria pensar que não é assim, mas inevitavelmente hoje estou a dar comigo a pensar assim. Ora trabalhamos, ora vamos para os copos, ora fazemos jogos uns contra os outros, ora comemos... Tudo para ocupar o nosso tempo, para um dia abalarmos daqui. Ao mesmo tempo que escrevo, acho que isto não faz sentido, mas não tenho força interior para contrariar esta corrente de pensamento com que acordei hoje. Acordei com um umbigo demasiado grande, e não consigo parar de olhar para a enorme bola de cotão que nele se encontra alojada. Gostava de amanhã acordar e pensar que isto não é um passatempo, porque de facto não é. Se o prémio é ser feliz, não pode ser passatempo, tem de ser um grande tempo, um tempo para desviar o olhar do cotão e colocá-lo à minha volta. Inevitalvemente, o cotão parece que tem íman hoje.

Enquanto não descobro a chave para sair do passatempo, vou-me rindo da desgraça alheia.
Fim de Crónica

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