quarta-feira, 23 de março de 2011

Corta e cola

Foi preciso o governo estar na iminência de cair para voltar a escrever aqui. Não gostaria que fosse esta circunstância a levar-me a escrever. Mas não posso deixar de o fazer.


Quantas vezes em política já alguém reconheceu que esteve mal, pediu desculpa e as desculpas foram aceites? A minha memória não é vasta, mas não me lembro de nenhuma. Admito que haja.
Em vez disso, cada vez que alguém mete o pé na argola, rapidamente os opositores se apressam em puxar a corda e a deixar quem errou sem chão. Não há margem para erro. Se as relações humanas fossem assim, a sociedade seria uma coisa insustentável. A incapacidade de reconhecer que o outro falhou e dar-lhe uma nova oportunidade parece-me essencial para a construção do bem comum.

Sem ter um conhecimento profundo da situação e vendo muito à distância parece-me que o Governo não esteve bem ao apresentar um novo PEC como facto consumado em Bruxelas. O Governo não é capaz nem quer reconhecer que não esteve bem ao fazê-lo. O PSD diz-se farto de ser enganado pelo Governo. Mas e se de repente o governo pedisse desculpas por ter agido mal ao apresentar o PEC em Bruxelas sem o ter discutido em Portugal, qual seria a reacção do PSD? Aceitaria esse pedido ou realçava a falha do governo e pedia a saída do governo? Pela minha experiência a segunda hipótese seria a mais provável de acontecer.

Enquanto as política não for mais humana as coisas vão continuar a ser assim. O bem comum fica para segundo plano e a honra pessoal e partidária será a única coisa a proteger.

Mudando radicalmente de tema hoje vêm a Lisboa os Cut Copy, uns moços australianos que dão uns grandes espectáculos ao vivo. O último disco Zonoscope ficou uns furos abaixo. Veremos o que vale o disco ao vivo. Deixo aqui um Need You Now.